Papa conclui Exercícios Espirituais:
homem não é perfeito sozinho
Leonardo Meira
Da Redação
Os Exercícios Espirituais do Papa e da Cúria Romana foram concluídos na manhã deste sábado, 27, às 9 horas (em Roma - 5 horas em Brasília), com o canto das Laudes e a meditação final.
Leia o Discurso do Papa ao concluir os Exercícios Espirituais da Quaresma
O Papa destacou que toda a visão cristã do homem pode ser resumida em que ele não é perfeito apenas em si mesmo.
"O homem necessita da relação, é um ser em relação. [...] Há necessidade da escuta, de escuta do outro, sobretudo do Outro com 'o' maiúsculo, de Deus. Somente assim ele pode conhecer a si próprio, somente então torna-se 'si' mesmo".
Bento XVI agradeceu pelo "modo apaixonado e muito pessoal" com que o padre salesiano Enrico Dal Covolo conduziu as meditações, que iniciaram no último domingo, 21.
Os Exercícios aconteceram na Capela Redemptoris Mater, do Palácio Apostólico Vaticano, e tiveram como tema Lições de Deus e da Igreja sobre a vocação sacerdotal.
O Santo Padre também ressaltou o papel de Maria como a mulher que escuta, bem como a realidade de que é apenas no 'nós' da Igreja que se pode realmente ouvir a Palavra de Deus.
"Vós também enfatizastes que a consagração se destina à missão, é destinado a se tornar uma missão. Nesses dias, aprofundamos, com a ajuda Deus, a nossa consagração. Assim, com nova coragem, desejamos afrontar a nossa missão. O Senhor nos ajude. Obrigado a vós pela ajuda, padre Enrico", finalizou Bento XVI.
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Sábado, 27 de fevereiro de 2010, 11h47
Discurso do Papa ao concluir os Exercícios Espirituais da Quaresma
Vatican Information Service, com tradução de CN Notícias
Queridos Irmãos,
querido padre Enrico,
em nome de todos aqui presentes, desejo agradecer, de todo o coração, a vós, padre Enrico, por estes Exercícios, pelo modo apaixonado e muito pessoal com que nos guiou no caminho rumo a Cristo, no caminho da renovação de nosso sacerdócio.
Vós escolhestes como ponto de partida, como pano de fundo sempre presente, como ponto de chegada - o vemos agora - a oração de Salomão por "um coração que escuta". Na realidade, parece-me que aqui esteja resumida toda a visão cristã do homem. O homem não é perfeito em si mesmo, o homem necessita da relação, é um ser em relação. Não é o seu 'cogito' que pode 'cogitar' toda a realidade. Há necessidade da escuta, de escuta do outro, sobretudo do Outro com 'o' maiúsculo, de Deus. Somente assim ele pode conhecer a si próprio, somente então torna-se 'si' mesmo.
Do meu assento, eu sempre vi a Mãe do Redentor, a Sedes Sapientiae, o trono vivente da sabedoria, com a Sabedoria encarnada em seu colo. E, como vimos, São Lucas apresenta Maria exatamente como a mulher do coração em escuta, que está imersa na Palavra de Deus, que ouve a Palavra, a medita (synballein), a compõe e a conserva, a mantém em seu coração. Os Padres da Igreja dizem que, no momento da concepção do Verbo eterno no ventre da Virgem Maria, o Espírito Santo entrou em Maria através do ouvido. Na escuta, concebeu o Verbo eterno, deu a sua carne a esta Palavra. E, assim, nos diz o que é ter um coração que escuta.
Maria é aqui circundada pelos pais e mães da Igreja, pela comunhão dos santos. E foi isso que vimos e percebemos exatamente neste dia, que não é isoladamente que podemos realmente ouvir a Palavra: apenas no 'nós' da Igreja, no 'nós' da comunhão dos santos.
E vós, querido padre Enrico, nos mostrou, deu voz a cinco figuras exemplares do sacerdócio, começando com Inácio de Antioquia até o querido e Venerável Papa João Paulo II. Então, percebemos realmente de novo o que significa ser sacerdote, tornar-se sempre mais sacerdote.
Vós também enfatizastes que a consagração se destina à missão, é destinado a se tornar uma missão. Nesses dias, aprofundamos, com a ajuda Deus, a nossa consagração. Assim, com nova coragem, desejamos afrontar a nossa missão. O Senhor nos ajude. Obrigado a vós pela ajuda, padre Enrico.
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