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quarta-feira, 20 de julho de 2022

quero ir buscar quem fui

Leituras Livres

A criança que fui chora na estrada.
Deixei-a ali quando vim ser quem sou;
Mas hoje, vendo que o que sou é nada,
Quero ir buscar quem fui onde ficou.
~Fernando Pessoa



sexta-feira, 20 de maio de 2022

Assim seja


O que é preciso é ser-se natural e calmo

Na felicidade ou na infelicidade,

Sentir como quem olha,

Pensar como quem anda,

E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,

E que o poente é belo e é bela a noite que fica...

Assim é e assim seja ...


Alberto Caeiro, 

in "O Guardador de Rebanhos - Poema XXI"

Heterónimo de Fernando Pessoa

fonte: Fernando Pessoa

sexta-feira, 13 de maio de 2022

Praticai o bem

Praticai o bem!

Digo-vos: praticai o bem. Porquê? O que ganhais com isso? Nada, não ganhais nada. Nem dinheiro, nem amor, nem respeito, nem talvez paz de espírito. Talvez não ganheis nada disso. Então por que vos digo: Praticai o bem? Porque não ganhais nada com isso. Vale a pena praticá-lo por isto mesmo.


Fernando Pessoa 

terça-feira, 3 de agosto de 2021

Carta de Amor


Acordei pelas 5 da manhã, tendo-me deitado relativamente cedo e de barriga vazia, pelas 23h30. Tive sonhos altamente intensos, conduzindo, voando e correndo pelas zonas das minhas memórias de infância entre Oeiras e o Porto mas, quando acordei, recordei imediatamente aquela imagem da minha avó materna conduzindo uma camioneta da rodoviária com um grande sorriso e enorme desembaraço, como se não fosse nada com ela. Curioso este facto, de a minha avó aparecer nesta função, pois a minha avó não tinha carta de condução e era bem pequenina. Numa altura do sonho passei pela casa dos meus avós no Porto e dizia a alguém: “A casa dos meus avós é ali” enquanto reparava que quase todo o resto da rua estava em ruínas… mas a casa deles estava e sempre estará de pé.
Agradeço este sonho. 
Se a minha avó consegue conduzir com tal desembaraço tudo é possível! Os sonhos podem ser ridículos mas têm tanta força…!🙏
Namo
Oeiras, 3 de agosto de 2021

sábado, 24 de outubro de 2020

Loucura


A loucura, longe de ser uma anomalia, 
é a condição normal humana. 
Não ter consciência dela, e ela não ser grande, 
é ser homem normal. 
Não ter consciência dela e ela ser grande, é ser louco. 
Ter consciência dela e ela ser pequena é ser desiludido. 
Ter consciência dela e ela ser grande é ser gênio.
( Aforismos e afins ) 
~Fernando Pessoa

fonte: Pensador

 

terça-feira, 20 de outubro de 2020

A hora do diabo


Além disso, Jesus foi traído por Judas durante a noite e Pedro negou Jesus antes do “galo cantar”. Acredita-se também que o “julgamento” de Jesus no Sinédrio ocorreu durante a “hora do diabo”.

Há ainda que se considerar o aspecto biológico da noite, já que  o ponto da sonolência noturna mais profunda no ciclo de sono-vigília de um adulto normal ocorre às três da manhã. Despertar ou ser despertado à essa hora pode desestabilizar nossos ritmos circadianos e nos fazer sentir depressivos ou ansiosos.

Por isso, muita gente costuma fazer algumas orações quando acordam às três da manhã. Mas lembre-se: não importa a hora do dia, Deus é sempre mais poderoso do que Satanás e continua sendo a “luz do mundo”, que romperá qualquer escuridão .

fonte: Aleteia ( added 2020.11.10 )

 

terça-feira, 11 de agosto de 2020

Acontece a tantos...

(...)
Fiz de mim o que não soube, 
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado,
já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.
(...)

Fernando Pessoa in Tabacaria ( Álvaro de Campos, 15-1-1928 ) 

via Luis De Belo Morais 

Fernando Pessoa ( 1888 - 1935 )


segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Depus a máscara e vi-me ao espelho


Depus a máscara e vi-me ao espelho. —
Era a criança de há quantos anos.
Não tinha mudado nada...
É essa a vantagem de saber tirar a máscara.
É-se sempre a criança,
O passado que foi
A criança.

Depus a máscara e tornei a pô-la.
Assim é melhor,
Assim sou a máscara.
E volto à personalidade como a um terminus de linha.
18-8-1934
Poesias de Álvaro de Campos. Fernando Pessoa. Lisboa: Ática, 1944 (imp. 1993)

domingo, 11 de junho de 2017

Quando vier a Primavera

Quando vier a Primavera, 
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.
Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma
Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.
Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.
Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos"
Heterónimo de Fernando

domingo, 8 de janeiro de 2017

O meu olhar

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II- O meu olhar é nítido como um girassol

O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de, vez em quando olhando para trás…
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem…

Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras…
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo…

Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender …

O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo…

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos…
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar …
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar…

Alberto Caeiro, in “O Guardador de Rebanhos – Poema II”
fonte: Ensina (RTP)
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quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Truly Ju

 


Enquanto não atravessarmos
a dor de nossa própria solidão,
continuaremos
a nos buscar em outras metades.
Para viver a dois, antes, é
necessário ser um.






Natal de 2016



quinta-feira, 5 de julho de 2012

Prece (Fernando Pessoa)

Vídeo actualizado em 2022.04.11

Senhor,
que és o céu e a terra, que és a vida e a morte! O sol és tu e a lua és tu e o vento és tu! Tu és os nossos corpos e as nossas almas e o nosso amor és tu também. Onde nada está tu habitas e onde tudo está — (o teu templo) — eis o teu corpo.

Dá-me alma para te servir e alma para te amar. Dá-me vista para te ver sempre no céu e na terra, ouvidos para te ouvir no vento e no mar, e mãos para trabalhar em teu nome.

Torna-me puro como a água e alto como o céu. Que não haja lama nas estradas dos meus pensamentos nem folhas mortas nas lagoas dos meus propósitos. Faze com que eu saiba amar os outros como irmãos e servir-te como a um pai.

Minha vida seja digna da tua presença. Meu corpo seja digno da terra, tua cama. Minha alma possa aparecer diante de ti como um filho que volta ao lar.

Torna-me grande como o sol, para que eu te possa adorar em mim; e torna-me puro como a lua, para que eu te possa rezar em mim; e torna-me claro como o dia para que eu te possa ver sempre em mim e rezar-te e adorar-te.

Senhor,
protege-me e ampara-me. Dá-me que eu me sinta teu.

Senhor,
livra-me de mim.

Fernando Pessoa, Páginas Íntimas e de Auto-interpretação, Ática, Lisboa.
fonte: Zimbórios
in: O Eu Profundo

sábado, 14 de abril de 2012

Segue o Teu Destino

Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.

A realidade

Sempre é mais ou menos
Do que nos queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós-próprios.

Suave é viver só.

Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.

Vê de longe a vida.

Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos deuses.

Mas serenamente

Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam.

Ricardo Reis, in "Odes"

Heterónimo de Fernando Pessoa
fonte: Citador

Nota: Poema escolhido pela Pipa para trabalho escolar. Grande escolha!
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