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terça-feira, 4 de agosto de 2020

Inquietudes

No passado domingo tive a honra de assistir
ao lançamento do livro "Inquietudes" de Ruth Collaço
Foi um fim de tarde muito agradável,
passado num local especial, a Estufa Real, 
que ainda não conhecia
Entre palavras escritas e sentidas,
palavras amigas, vividas e cantadas,
fomos transportados para um ambiente de reflexão,
um ambiente de paz e comunhão
Apesar do cumprimento
das regras de distanciamento social,
sentiu-se a conexão, a força das emoções tocadas,
dos olhares trocados,
dos laços verdadeiros e autênticos de amizade
A escrita de Ruth Collaço tem este condão
de ressoar no meu coração
e não posso deixar de agradecer o seu trabalho,
tal como este momento
que mostra também muito da sua generosidade;
 um coração que não se esconde
e que não pode deixar de inquietar qualquer leitor.

Muito obrigado!

domingo, 12 de julho de 2020

Mulher aprendiz

Feitiçaria de Carcaça Bonita 
(Credito George Peters)

Não penses que tudo controlas
Não penses que tudo comandas
Não ponhas correntes à vida
Pensando que és seu comandante.
Não tomes por certo destino
que tu no teu mapa desenhas
Não tenhas por si garantido
que tudo o que queres é teu.
Não queiras prender-me a teu lado
Nem queiras guiar-me também
Sou folha nascida ao vento
Não fico com quem me detém.
Não queiras travar o meu voo
eu sigo por onde convém
se queres ficar a meu lado
Não prendas, não traves, nem tapes
as portas que a vida me dá.
Eu luto e rasgo caminhos
eu rujo perante o desdém
daqueles que o dedo me apontam.
por cada vez que me amarram
mais o horizonte eu almejo
Não queiras secar estas veias
com seiva, mulher da vida aprendiz!

Direitos de autor reservados


sexta-feira, 10 de julho de 2020

requisitos


Toda a mulher precisa de alguém
que a abrace e aconchegue
quando o peito racha
e o coração arde.
Toda a mulher quer alguém
que a deixe ser livre
presa em seus braços.
Alguém que preencha vazios
que saiba escutar, sem mesmo a ouvir.
Que leia silêncios e solte sorrisos.
Um homem verdade, que saiba mentir
só para a acalmar, antes de dormir.
Daqueles que sabem há muito
que as lágrimas se secam com beijos,
e quando se pede um abraço
não o faça com palmadinhas nas costas
mas a puxa para o seu peito
e a sufoca nos seus braços.
Que não tenha medo que ela brilhe
e não se afaste quando ela chora
que converse e questione razões
tentando saber o que a faz sorrir.
Que não a empurre para outros braços
cujos olhos brincam nos seus sonhos.
Um homem que se sinta fortalecido
pela força que ela tem dentro dela,
e se esse homem não estiver à altura
ela cala, consente.... ou ganha ganas
fecha a mala e bate com a porta!

Ruth Collaço
(Wise Winds - Ventus Sapientes)
Direitos de autor reservados
Judite decapitando Holofernes de Artemisia

terça-feira, 7 de julho de 2020

Voltas da Vida

Dê ela as voltas que quiser
e as que ela bem entender
por mais que vire e revire
e por mais que me faça tombar,
confio, fico e persisto
não gosto de desfalecer.
Pois as voltas que a vida me dá
e cada vez que tropeço
depressa junto as minhas forças
e volto com ela a me erguer
a força e a raiva que tenho,
a sede que tenho em viver!
E se algum dia me vires
deitada prostrada no chão
não penses que vou desistir,
são gotas de luta escorridas
que ali deposito no chão.
Eu planto as minhas fraquezas
e rego-as com pingos de fé
pois as voltas que vida me dá
me vira, revira e me testa
são dores que me fortalecem
e que me mantêm de pé!
Por isso agradeço à vida
por tantas voltas me dar
eu sofro mas cresço e me elevo
do fundo deste meu gritar
que eu amo e quero que a vida
me ensine a erguer,
Mesmo que venha a tombar!
Ruth Collaço
(Wise Winds - Ventus Sapientes)
Direitos de autor reservados
Imagem: 
Obras Inquietas de Cândido Potinari "Mulher chorando"

terça-feira, 23 de junho de 2020

Árvore torcida


Tronco rugoso e torcido Vergado no vento da vida áspero és ao toque macio na tua seiva árvore forte e frondosa tronco que desafias o vento que aguentas com a geada de inverno com o sol escaldante do verão. Nem a maresia te seca muito menos a chuva te apodrece. Árvore mais bela não há que aquela torcida em espiral pedindo forças aos céus entregando-lhe os galhos em pedidos e gemidos. Que o vento não te quebre e que o solo não te falte que o relâmpago não te queime nem o mato te engula Quero ser tronco nu na floresta da vida Enfrentar a tempestade gritar-lhe cara na cara encostar-me testa com testa e mostrar-lhe a minha gana de manter-me de pé fustigada pela dor deste chão não arredo pé! São os meus nós minha história meus ramos meu louvor meu tronco minha raiva minhas raízes teimosia. Bato pé, grito e desafio nuvens por mais que desçam não me cobrem por mais que chovam Não me afogam! Ruth Collaço (Ventus Sapientes) Direito de autor reservados

fonte: Wise Winds-Ventus Sapientes

sexta-feira, 29 de maio de 2020

Na hora que acordei


Na hora que acordei.

Esta noite sonhei-te
andavas em passo sereno
discreto, sóbrio, decidido
Sabias para onde ias
e como lá chegar.
Da janela vi-te chegar
antecipei cada gesto da tua entrada
trazias nos olhos aquela luz que é só tua
e nas mãos o tremor de quem quer.
Os lábios, já húmidos e quentes
traziam vontade de falar
a minha língua, a tua língua a nossa língua.
Juntos inventámos poemas
embalámos os nossos corpos em serenatas
aprendemos a ler pautas e subir de escala
cantar baladas
as mais doces do compasso de um sonho.
Percorremos tantas estradas e caminhos
do céu, para o céu e descemos até ao inferno
e era quente, muito quente
cada passo que demos, cada abraço que roubámos.
Deixámos a nossa marca no tempo
e o coração, aos soluços abandonámos
sabendo que mais tarde ou mais cedo
na armadilha do tempo, a realidade nos prenderia.
Mas o tempo era pouco e a saudade era muita
a nossa razão toldada... névoas de paixão
e morríamos, desfalecidos, cansados.
Vínhamos de longe, para longe fugíamos
escalámos montanhas de prazer 
esquecidos, perdidos, rendidos
e os dois fomos um...
apenas num sonho só.
E sem saber o mundo girou
e parou, na hora que acordei!

Ruth Collaço
(Ventus Sapientes)
Direitos de autor reservados

Imagem: Johana Harmon
mural Wise Winds-Ventos Sapientes