sábado, 21 de janeiro de 2023

Will humans survive?


 

Urgentemente

Eugénio de Andrade
(1923-2005)

 

Pare de se lamentar

A gente deixa a condição de vítima, para de se lamentar, de colocar a culpa das nossas decepções na outra pessoa, quando descobre que o único culpado fomos nós por termos apostado todas as nossas fichas numa imagem irreal, numa projeção criada pela nossa carência e o nosso excesso de expectativa em quem, nem de longe é o que a gente queria que fosse. 

~Edna Frigato

Edna Frigato


demasiadas coisas…

A nossa vida está carregada de coisas. Demasiadas coisas. 


Obstáculos que se veem e que não se veem, mas que nos fazem caminhar esmagados pelo seu peso. Com o passar do tempo urdimos em torno da vida uma teia quase invisível de pequenas prisões, de círculos sem saída que implodem a nossa liberdade, de ínfimas concessões aparentemente insignificantes, mas que, amontoadas, prendem por muito tempo as nossas asas com cruéis alfinetes. E damos por nós, por exemplo, hipotecados ao materialismo mais primário, com a única preocupação de fazer crescer o aprovisionamento do nosso celeiro. Ou reféns de um vazio crescente que nos dinamita por dentro. Não conseguimos já levantar voo. 


Queremos controlar os detalhes da vida, moldá-la à nossa ambição estreita, retê-la, como se isso estivesse na nossa mão. E, com isso, não enxergamos a lição fundamental: que a lei mais profunda da vida se acolhe no paradoxo do amor. Quando entrego a vida como dom é que ela se multiplica. Quando me abandono é que me encontro. Quando digo «a minha vida é tua» é que ela me pertence verdadeiramente. 


A vida será uma aventura fecunda se estivermos seguros desse amor. 


~José Tolentino Mendonça

'O Pequeno Caminho das Grandes Perguntas'

José Tolentino Mendonça 


entrança o cabelo

“A minha avó dizia-me que quando uma mulher se sentisse triste, o melhor que podia fazer era entrançar o seu cabelo; de modo que a dor ficasse presa no cabelo e não pudesse atingir o resto do corpo. Havia que ter cuidado para que a tristeza não entrasse nos olhos, porque iria fazer com que chorassem, também não era bom deixar entrar a tristeza nos nossos lábios porque iria forçá-los a dizer coisas que não eram verdadeiras, que também não se metesse nas mãos porque se pode deixar tostar demais o café ou queimar a massa. Porque a tristeza gosta do sabor amargo.


Quando te sintas triste menina- dizia a minha avó- entrança o cabelo, prende a dor na madeixa e deixa escapar o cabelo solto quando o vento do norte sopre com força. O nosso cabelo é uma rede capaz de apanhar tudo, é forte como as raízes do cipreste e suave como a espuma do atole.


Que não te apanhe desprevenida a melancolia minha neta, ainda que tenhas o coração despedaçado ou os ossos frios com alguma ausência. Não deixes que a tristeza entre em ti com o teu cabelo solto, porque ela irá fluir em cascata através dos canais que a lua traçou no teu corpo. Trança a tua tristeza, dizia. Trança sempre a tua tristeza.


E na manhã ao acordar com o canto do pássaro, ele encontrará a tristeza pálida e desvanecida entre o trançar dos teus cabelos…”


_ Paola Klug


fonte: Me cative

Me cative


sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

Sorry

O filme intitulado *"Sorry"* que dura apenas 1 minuto e 58 segundos, ganhou o *Oscar* de Melhor Curta-metragem. No entanto, a sua mensagem é Profunda, temos de aprender não só a ter o papel de um ser humano, mas a *«SER HUMANO»*. A palavra *"Overload»* que aparece no elevador significa: *"Acima DA CAPACIDADE "* (de carga), (sobrecarga), e em nós, as pessoas, representa: ATITUDE, COMPROMISSO, DEVER, CONTRIBUIÇÃO e EMPATIA. Ou seja, o elevador não se move, não sobe, pelo individualismo e pelo direito que cada um *acredita ter*. Algo que hoje nos reflete como sociedade. Alguém se acredita com mais direitos do que os outros e prejudica o grupo, fazendo com que a pessoa com mais sentido humano tenha que tomar uma decisão, sem que ninguém reaja ou diga nada. *«NÃO É SÓ O EGOÍSMO É A INACÇÃO DO GRUPO, O QUE MAIS SE DESTACA NESTE CURTA-METRAGEM»*. Faça-o chegar a quantos grupos puder.

fonte: WhatsApp Isabel Homem

quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

Na casa de meu Pai há muitas moradas (Jo 14:2)


Não importa se é nos mantras do hinduísmo;  

Não importa se é na prática do budismo;

Nem mesmo se é na mesa branca do kardecismo.

Não tem importância se é no contato extraterrestre;

Não tem importância se é na conexão com elementais;

Nem mesmo importa se é no alinhamento com os mestres;

O que importa é a morada do Coração!

Os Filhos buscam muitos caminhos, olham muito pra fora, querem saber demais, mas esquecem do simples, da humildade.

O fascínio pelo saber é inimigo da sabedoria. Conhecimento exacerbado não quer dizer mestria.

Dentro ou fora de religião, somente Amor.

Enquanto o Ser humano não compreender que o caminho espiritual é para torná-lo mais feliz, então, o caminho espiritual continua sendo, não um valor, mas uma doutrina que aprisiona.

Que as pessoas possam saber, finalmente, que a Luz vem de dentro e não de fora.

Que você possa saber, que o Amor é a bênção que aflora

A felicidade nas estradas dessa vida.

Somos Todos Um.

fonte: Adelaide Marques

Adelaide Marques


quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

Original é o poeta

Deixou-nos há 39 anos


José Carlos Pereira Ary dos Santos
(1936-12-07 / 1984-01-18)

Original é o poeta
que se origina a si mesmo
que numa sílaba é seta
noutro pasmo ou cataclismo
o que se atira ao poema
como se fosse um abismo
e faz um filho às palavras
na cama do romantismo.
Original é o poeta
capaz de escrever um sismo.
Original é o poeta
de origem clara e comum
que sendo de toda a parte
não é de lugar algum.
O que gera a própria arte
na força de ser só um
por todos a quem a sorte
faz devorar um jejum.
Original é o poeta
que de todos for só um.
Original é o poeta
expulso do paraíso
por saber compreender
o que é o choro e o riso;
aquele que desce á rua
bebe copos quebra nozes
e ferra em quem tem juízo
versos brancos e ferozes.
Original é o poeta
que é gato de sete vozes.
Original é o poeta
que chegar ao despudor
de escrever todos os dias
como se fizesse amor.
Esse que despe a poesia
como se fosse uma mulher
e nela emprenha a alegria
de ser um homem qualquer.
~José Carlos Ary dos Santos
fonte:
António Galopim de Carvalho

Who shook the jar?