O AMOR É UM POEMA
O amor é um poema. 
Dói e canta cá dentro. 
Tem a filosofia das árvores, a lição do mar, 
os ensinamentos que as aves recolhem 
quando migram para lá dos desertos, 
de onde hão-de regressar mais sábias e seguras. 
O amor é uma causa. 
Uma luta excessiva com a divindade dos dias 
e a sua fogueira obscura. 
Mas também contra o mistério de si mesmo, 
uma paz que nos dá o cansaço e a loucura infeliz da felicidade, esse primitivo terror dos sinos que tocam
como um aviso aos densos nevoeiros súbitos do mar. 
O amor é uma casa. 
Erguida com os beijos, 
com os versos da noite 
e o gemido das estrelas. 
Casa cujas paredes vestem o nosso júbilo, 
a nossa intuição, 
a nossa vontade, 
sobretudo o nosso instinto e a nossa sabedoria.
 
Onde se acende e brilha a luz suplicante da pele comprometida dos amantes. 
O amor é um gigantesco pequeno mistério, 
uma estranha generosidade que faz com que, 
quanto mais damos, com mais ficamos para dar. 
Só o amor é o elixir da juventude. 
Não esse que sempre se procurou 
nas indecifráveis fórmulas dos antigos livros de magia 
e de alquimia, 
mas aquele que está tão perto de nós
que por vezes o pisamos sem reparar.
Joaquim Pessoa, in 'Guardar o Fogo'
fonte: Poesia em Português (Fátima Soares)
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