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segunda-feira, 21 de abril de 2025

Francisco, o Papa que nos ensinou a descer

 

Morreu o Papa Francisco.

E no entanto, parece que nasceu agora —

no silêncio que deixou, na saudade que acendeu, na esperança que semeou.

Partiu o homem que nos ensinou que Deus se encontra na simplicidade,

no toque de uma mão gasta, no cheiro a sopa servida a quem tem fome,

no abraço que atravessa o dogma.

Francisco não quis ser príncipe, quis ser servo.

Desceu do trono, tirou a púrpura, calçou sapatos velhos

e pôs-se a caminho — com os outros, para os outros, entre os outros.

Recusou a grandeza, escolheu a simplicidade.

Trocou os aposentos dourados pelo tecto modesto partilhado com trabalhadores.

Trocou a cruz de ouro por uma de ferro.

Trocou o poder pela proximidade.

Obrigado, Francisco,

por nos mostrares que a santidade é feita de gestos concretos.

Por confessares os teus pecados diante dos fiéis.

Por instalares chuveiros para os sem-abrigo na Praça de São Pedro.

Por dares um palácio a quem nada tem.

Por chorares os mortos de Lampedusa,

por beijares os pés de inimigos,

por gritares que a guerra é sempre derrota,

por chorarmos contigo os mortos de todas as guerras...

Por não encobrires escândalos.

Por quereres ouvir os esquecidos.

Por deixares entrar os recasados.

Por defenderes a Casa Comum, e os que vivem com tão pouco.

Rezaste sozinho à chuva, e todos nos sentimos menos sós.

Lavaste os pés aos esquecidos, e lavaste também o rosto endurecido da Igreja.

Foste humano até ao fim — e por isso, tão divino.

Hoje, do Céu, sorrirás com a ternura dos justos.

E quem crê no Deus da Vida saberá:

a tua morte não é um fim, mas o sopro manso de quem volta ao coração de Deus.

Papa Francisco… gosto tanto de ti.

Com a tua vida, ensinaste-me a amar Jesus com outro encanto.

Obrigado. Por tudo o que fizeste.

Mas mais ainda… por tudo o que foste.

~Pe João Torres



sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

Os Milagres que nos Encontram

 


Há dias em que andamos pela vida de cabeça baixa, distraídos, achando que tudo é acaso, que nada tem um fio, uma lógica maior. Mas, ainda assim, os milagres encontram-nos. Não importa se acreditamos ou não; eles chegam, silenciosos, na curva inesperada de uma manhã, no sorriso oferecido sem razão, no abraço que vem quando mais precisamos e menos esperamos.

São os pequenos gestos que carregam o inexplicável. A mão que segura a nossa no meio de um dia difícil. A mensagem que chega como se alguém lesse o que está escrito no nosso silêncio. Aquele estranho que segura a porta com um sorriso, como se fosse um anjo disfarçado, lembrando-nos que, no caos, há sempre um espaço para o cuidado.

Há mistérios que se infiltram no quotidiano. O pão que nunca falta, mesmo quando achamos que a mesa está vazia. O alívio que sentimos ao ouvir uma música que parece escrita para nós. O pôr do sol que, sem pedir licença, ilumina até o canto mais escuro da alma. É como se houvesse algo ou alguém, não importa o nome que damos, ajustando as costuras do mundo para que tudo, de alguma forma, faça sentido.

Às vezes, os milagres estão nos encontros. Na palavra dita no momento certo, no gesto que parece pequeno, mas transforma um dia inteiro. É como se Deus estivesse no toque leve de uma criança, no café quente preparado sem ser pedido, na flor que nasce entre as pedras da calçada.

E talvez não seja necessário acreditar para sentir. Porque os milagres não pedem fé, apenas atenção. E quando os vemos, percebemos que, no meio da nossa descrença, há um espaço onde o inexplicável insiste em morar. Um espaço onde o mundo, por breves instantes, faz sentido. E isso, em si, já é um milagre.

Texto adaptado (provável autoria, segundo ChatGPT: Ana Jácomo)

fonte:

Pe João Torres