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quinta-feira, 26 de junho de 2025

Obrigado Agam

 


AGAM RINJANI: DESCEU AO ABISMO COM ALMA ACESA PARA RESGATAR O CORPO DE JULIANA


Por João Guató 


Na encosta íngreme do Monte Rinjani, onde o céu se encosta no ombro da terra e as nuvens conversam em silêncio com os deuses antigos, um homem desceu. Não era militar, não era herói de farda nem mártir por profissão. Era Agam. Apenas Agam. Com o nome curto e a alma imensa.


Não havia holofotes nem manchetes. Havia o eco do vento e uma promessa muda que alguém precisava cumprir. Lá em cima, a trilha se tornava desespero. Juliana, uma brasileira de 26 anos, havia caído no ventre da montanha. E quando os oficiais desistiram, quando a noite e o medo se levantaram como muralhas, Agam não recuou.


Desceu. Com as mãos, com o corpo, com a coragem descalça. Desceu por entre pedras afiadas, vertigens e precipícios. Não para salvar a vida — que já havia partido —, mas para salvar a dignidade da morte. Para que uma filha pudesse voltar para os braços de sua mãe. Para que o último gesto não fosse abandono, mas acolhimento.


Ali, ao lado do corpo inerte de Juliana, Agam passou a noite. A madrugada o envolveu com frio, solidão e o silêncio mineral dos que guardam os que partem. Ele a velou, como um irmão do mundo. Como quem compreende que compaixão não se ensina — se vive.


E ao amanhecer, ele subiu de volta. Exausto, mas inteiro. Conduzindo, como se leva uma estrela de volta ao céu, o corpo daquela que sonhava com paisagens e terminou virando lembrança.


Agam, homem simples, tornou-se símbolo. Não pediu nada. Não gritou vitória. Apenas fez o que achou certo — como fazem os que carregam o bem no peito e o mundo nas costas. Como fazem os que sabem que a vida é ponte, e não palco.


No Brasil, milhares o reconheceram. Em cada post, um obrigado. Em cada comentário, um abraço. E ainda assim, ele continua sendo Agam. Apenas Agam.


Mas nós sabemos: há nomes que, quando sussurrados pelo vento, viram poema.

E há gestos que, mesmo sem câmera, iluminam o planeta.


Obrigado, Agam.

Em teu silêncio, gritamos humanidade.


fonte: João Guató