quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

REZAR O ALARGAR DA VIDA

 

REZAR O ALARGAR DA VIDA


Ensina-nos, Senhor, a ser mais simples do que somos, capazes de acolher a vida na sua inteireza, assumindo o grande serviço que é desimpedir e descomplicar.
Ensina-nos, Senhor, a ser mais bondosos do que somos, disponíveis a suspender a rotineira máquina dos julgamentos e a fixarmo-nos não na imperfeição, mas na porção de autenticidade que cada um transporta.
Ensina-nos, Senhor, a ser mais mansos do que somos, escolhendo a via da doçura que é própria de quem se dispõe a escutar e a reconciliar, em vez da dureza que apressadamente divide.
Ensina-nos, Senhor, a ser mais paternos e maternos do que somos, implicados a cada momento na gestação positiva da vida, aceitando que a conjugação do verbo nascer acompanha os seres humanos até ao fim.
Ensina-nos, Senhor, a ser mais artesãos da paz do que somos, valorizando nesse trabalho reparador todos os fios da relação, mesmo aqueles que se diriam indecisos, frágeis ou perdidos.
Ensina-nos, Senhor, a ser mais crentes do que somos, arriscando substituir o pessimismo pela esperança quando se trata de avaliar as sementes e o percurso complexo que é afinal o de qualquer existência.

P. Tolentino
30.01.2023

Believe


 

terça-feira, 31 de janeiro de 2023

sobre a santidade

Hoje, dia 31 de janeiro, celebram-se os 21 anos do Maha Samadhi do Padre Francis Acharya. 


“Pode haver boas técnicas em outras religiões, mas lembre-se de que elas são apenas meios e não fins em si mesmas.”

“É mais importante ser um santo do que ser canonizado como tal.”

~Padre Francis Acharya


fonte: Livro Memorável-Palavras de vida por Francis Acharya do Kurisumala Ashram

(Via Marcos Monteiro)


Beato Francis Acharya Rogai por nós!

Francis Acharya (1919-2002)


A antiga canção


segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

sábado, 21 de janeiro de 2023

Will humans survive?


 

Urgentemente

Eugénio de Andrade
(1923-2005)

 

Pare de se lamentar

A gente deixa a condição de vítima, para de se lamentar, de colocar a culpa das nossas decepções na outra pessoa, quando descobre que o único culpado fomos nós por termos apostado todas as nossas fichas numa imagem irreal, numa projeção criada pela nossa carência e o nosso excesso de expectativa em quem, nem de longe é o que a gente queria que fosse. 

~Edna Frigato

Edna Frigato


demasiadas coisas…

A nossa vida está carregada de coisas. Demasiadas coisas. 


Obstáculos que se veem e que não se veem, mas que nos fazem caminhar esmagados pelo seu peso. Com o passar do tempo urdimos em torno da vida uma teia quase invisível de pequenas prisões, de círculos sem saída que implodem a nossa liberdade, de ínfimas concessões aparentemente insignificantes, mas que, amontoadas, prendem por muito tempo as nossas asas com cruéis alfinetes. E damos por nós, por exemplo, hipotecados ao materialismo mais primário, com a única preocupação de fazer crescer o aprovisionamento do nosso celeiro. Ou reféns de um vazio crescente que nos dinamita por dentro. Não conseguimos já levantar voo. 


Queremos controlar os detalhes da vida, moldá-la à nossa ambição estreita, retê-la, como se isso estivesse na nossa mão. E, com isso, não enxergamos a lição fundamental: que a lei mais profunda da vida se acolhe no paradoxo do amor. Quando entrego a vida como dom é que ela se multiplica. Quando me abandono é que me encontro. Quando digo «a minha vida é tua» é que ela me pertence verdadeiramente. 


A vida será uma aventura fecunda se estivermos seguros desse amor. 


~José Tolentino Mendonça

'O Pequeno Caminho das Grandes Perguntas'

José Tolentino Mendonça