quarta-feira, 12 de novembro de 2025

Porque não somos sempre assim?

 

por: Pedro Chagas Freitas (escritor)


Queremos o melhor carro, a melhor casa, o melhor emprego. Queremos ser melhores do que o colega de trabalho, melhores do que o vizinho. Passamos a vida a olhar pelo retrovisor. Não vemos a mão trémula do velho que está no jardim, não ouvimos o grito calado nos olhos de quem nos pede ajuda. Temos medo de sentir, é isso. Pensamos que o fim do mundo é a lágrima que cai, quando o fim do mundo é a falta de motivos para a lágrima cair. A vida não é a realidade que vivemos, é a realidade que nos permitimos sentir. Quando alguém cai sem uma mão para o levantar, quando alguém sofre sem um ombro para pousar, somos todos os que estamos a cair, somos todos os que estamos a sofrer. Por omissão, por indiferença, por ausência. A felicidade está entre o tédio e a euforia, entre o impoluto e o caos. É urgente o sonho em vez da crítica, a asa aberta em vez do dedo apontado. É urgente olhar, tocar, ajudar, estar. Somos tão bonitos quando somos pessoas. Não somos sempre assim porquê?


~Pedro Chagas Freitas

(via PortugalNews)





segunda-feira, 10 de novembro de 2025

Cores do Outono

foto de Mario Janeiro

As vinhas tingem-se de fogo e vinho,  

nas encostas suaves do Douro e do Minho.  

Folhas caem como cartas de amor,  

escritas pelo vento com ternura e cor.


O Tejo reflete o céu dourado,  

Lisboa suspira num fado calado.  

As ruas cheiram a castanha assada,  

e cada esquina guarda uma alma encantada.


Nos montes do Alentejo, o silêncio é rei,  

e o tempo abranda como nunca o fez.  

O sol, mais baixo, acaricia a terra,  

como quem se despede sem fazer guerra.


Outono em Portugal é saudade que dança,  

é memória viva, é esperança mansa.  

É o abraço quente de uma estação,  

que nos ensina a ouvir o coração.


Autoria de Rui Morgado 


Poema lindo que aquece o coração.

via Dulce Dias


 

sábado, 8 de novembro de 2025

A máquina para analisar quem deve comungar


 


No final da celebração, 

uma senhora piedosa aproximou-se de mim, visivelmente aflita. 

Pedia-me uns minutos, 

com urgência na voz e inquietação no olhar. 

Como tinha tempo, escutei.


Começou por me dizer, 

com respeito e convicção, 

que eu dava a comunhão a toda a gente. 

Que isso não podia ser. 

Que um bom padre devia saber 

a quem a podia dar… e a quem devia negar.


Fiquei em silêncio.

E, nesse silêncio, 

subiu do fundo da alma uma súplica antiga:

“Senhor, vinde em meu auxílio.”


Depois, com calma, 

disse-lhe que há dias 

tinha adquirido uma máquina —

uma máquina para analisar quem podia comungar sem pecados. Entrei nela para experimentar… e a máquina avariou por excesso de pecados. Tive de a devolver.


A senhora sorriu, 

mas o coração dela pedia mais que humor.

Então disse-lhe:

Na última ceia, Jesus deu o pão a todos.

Deu-o a quem O venderia por trinta moedas,

a quem O negaria três vezes,

a quem O abandonaria no momento da cruz,

e até a quem duvidaria da Sua ressurreição.


A comunhão não é o troféu dos justos,

é o pão dos famintos.

Não é o prémio dos santos,

é o remédio dos feridos.


Sim, é verdade: 

há situações em que o padre deve, por prudência e fidelidade, esclarecer as pessoas individualmente e ajudá-las a fazer caminho. Mas a Eucaristia nunca pode ser usada como arma, nem como muralha que separa os bons dos maus. A comunhão é sempre um ato de ternura pastoral, de amor que corrige sem humilhar.


Também é verdade que não pode haver compreensão facilitante. 

Quem traz no coração 

o peso do pecado grave é chamado a reconciliar-se primeiro, 

a purificar-se na confissão, 

a redescobrir o abraço do perdão.


Mas há mistérios que só Deus conhece.

Nem todas as situações irregulares estão privadas de graça, nem todas as feridas humanas são sinal de rejeição. 

Há histórias de dor, 

de amor imperfeito mas sincero,

onde o Espírito continua a respirar — discretamente, como brisa.


O Papa Francisco disse, em Amoris Laetitia,

que “a consciência pessoal é o lugar onde ressoa a voz de Deus”. 

Nem sempre quem vive o conflito 

vive afastado da graça.

Há culpas que se diluem na fragilidade,

há fidelidades que florescem no meio do caos,

há fé que sobrevive onde ninguém esperaria.


A senhora despediu-se, ainda pensativa.

E eu fiquei ali, diante do altar sozinho,

a pensar que a única máquina 

que Jesus nos deixou não mede pecados — distribui misericórdia.


É feita de pão, de perdão e de amor.

E essa, sim, nunca avaria —

porque funciona à corrente do Coração de Deus. 


#Eucaristia #Comunhão #ReflexãoCristã #FéQueTransforma #AmorisLaetitia #PapaFrancisco #Misericórdia #AmorDeDeus #CoraçãoDeDeus #TernuraPastoral #Espiritualidade #IgrejaQueAcolhe #PadreJoãoTorres


~Padre João Torres





Seja como Maria


Quando tudo parecia impossível, 

ela escolheu crer.

Maria não questionou o propósito 

- apenas se colocou 

nas mãos de Deus.

Há bençãos que florescem 

na obediência silenciosa.

A fé que se submete 

à vontade divina

é a que gera milagres.


Eis aqui a serva do Senhor; 

cumpra-se em mim segundo a tua palavra.

~Lucas 1:38


via Leonor Castro

sábado, 1 de novembro de 2025

Anjos de uma só asa


Alguém disse que somos anjos de uma só asa. Todos precisamos de alguém para poder voar. Nesta quadra em que recordamos os que antes de nós foram história e agora são eternidade, agradecemos a todos os que nos ajudaram a voar, agora que somos nós os sonhadores da nossa eternidade ainda em missão de ajudar outros a iniciar os seus voos.

segunda-feira, 13 de outubro de 2025

Deus Existe


SÓ ENTRE NÓS 


A prova de que Deus existe

Sei que devia escrever sobre as eleições, mas não me sai da cabeça as duas palavras que repeti ontem aos meus filhos: Deus existe. Riram-se comigo até se fartarem de mim – já sabemos que Deus existe, pai. Sim, devia escrever do Porto e de Lisboa, de Coimbra e das lideranças, das grandes cidades de subúrbio, do Chega e dos grandes derrotados que, defeito dos ficcionistas, são sempre mais interessantes do que os vencedores. Só que tive a certeza absoluta de que Deus existe, soube-o no sábado… todos os outros assuntos passaram a ser apêndices, paliativos, verbos de encher. No mês passado vi um golo de Cristiano Ronaldo ao minuto 21 – o número da camisola de Diogo Jota –, mas deixei passar como uma coincidência bonita. Só que no sábado, dia do jogo de Portugal com a Irlanda, na primeira vez que a seleção jogava em casa após o trágico acidente, aconteceu um milagre. Aos noventa e tal minutos um jogador marcou pela primeira vez por Portugal, fê-lo ao fim de 60 jogos. O jogador chama-se Ruben Neves, era o melhor amigo de Jota, mudou o seu número para jogar com o 21 e marcou de cabeça (ele que raramente cabeceia uma bola), como o seu amigo adorava fazer. Deus brinca connosco. Mostra-nos, se estivermos atentos, o seu sorriso. Ou deixa os que morrem demasiado cedo ficarem mais um bocadinho, resolverem o que têm pendente, soprarem o que lhes resta de vida do seu lugar sem morada. Jota anda por aqui, ainda não foi. A minha esperança é que tenha convencido quem de direito a ficar até ao fim do próximo Verão. 

LO

Crónica publicada hoje no Jornal de Notícias 
Só Entre Nós, em todos os dias úteis, na última página do JN

fonte: Luís Osório 

O Milagre do Sol

 


A chuva que caía cessou, as nuvens entreabriram-se deixando ver o Sol, assemelhando-se a um disco de prata fosca, podia fitar-se sem dificuldade sem cegar. A imensa bola começou a girar vertiginosamente sobre si mesma como uma roda de fogo. Depois, os seus bordos tornaram-se escarlates e deslizou no céu, como um redemoinho, espargindo chamas vermelhas de fogo. Essa luz refletia-se no solo, nas árvores, nas próprias faces das pessoas e nas roupas, tomando tonalidades brilhantes e diferentes cores. Animado três vezes por um movimento louco, o globo de fogo pareceu tremer, sacudir-se e precipitar-se em ziguezague sobre a multidão aterrorizada. Tudo durou uns dez minutos. Finalmente, o Sol voltou em ziguezague para o seu lugar e ficou novamente tranquilo e brilhante. Muitas pessoas notaram que as suas roupas, ensopadas pela chuva, tinham secado subitamente. Tal fenómeno foi testemunhado por milhares de pessoas, até mesmo por outras que estavam a quilómetros do lugar das aparições. O relato foi publicado na imprensa por diversos jornalistas que ali se deslocaram e que foram também eles, testemunhas do acontecimento.


via Leonor Castro


fonte segundo ChatGPT:

Uma descrição tradicional do chamado “Milagre do Sol” ocorrido em Fátima, a 13 de outubro de 1917, baseada em testemunhos de peregrinos e jornalistas presentes no local, especialmente o relato publicado no jornal O Século (de Lisboa) por Avelino de Almeida, que esteve entre os observadores.


👉 A fonte original mais citada é:


Avelino de Almeida, “Como o sol bailou ao meio-dia em Fátima: As aparições da Virgem — Fenómeno prodigioso testemunhado por milhares de pessoas — As impressões dum repórter de ‘O Século’”, publicado em O Século, Lisboa, 15 de outubro de 1917.


O trecho que apresentaste é uma reformulação bastante próxima (quase literal, mas modernizada) desse artigo histórico, que descreve o fenómeno solar observado por uma multidão de cerca de 70 mil pessoas.


Esse relato foi reproduzido e adaptado em inúmeras obras posteriores sobre Fátima — entre elas:

Documentação Crítica de Fátima (vol. I, Secretariado dos Pastorinhos);

Fátima dos Documentos (Pe. Joaquim Fernandes);

Fátima — História e Mensagem (Padre Luís Kondor).


Portanto:

📜 Fonte original — Jornal O Século, 15 de outubro de 1917, artigo de Avelino de Almeida.

📘 Versões posteriores — Reproduções e adaptações em livros e publicações sobre Fátima.

quinta-feira, 9 de outubro de 2025

Do you love Me

 


"Do you love Me?" Alice asked.

"No, I don't love you!" replied the White Rabbit.

Alice frowned and clasped her hands together as she did whenever she felt hurt.

"See?" replied the White Rabbit. "Now you're going to start asking yourself what makes you so imperfect and what did you do wrong so that I can't love you at least a little.

You know, that's why I can't love you. You will not always be loved Alice, there will be days when others will be tired and bored with life, will have their heads in the clouds, and will hurt you.


Because people are like that, they somehow always end up hurting each other's feelings, whether through carelessness, misunderstanding, or conflicts with themselves.


If you don't love yourself, at least a little, 

if you don't create an armor of self-love and happiness around your heart,

 the feeble annoyances caused by others will become lethal and will destroy you.


The first time I saw you I made a pact with myself: 'I will avoid loving you until you learn to love yourself.' "


- Lewis Carrol, Alice in Wonderland

Echoes of Insight


source: Scent Of Sufism