sábado, 19 de abril de 2025

26 segundos


A Terra emite um pulso sísmico a cada 26 segundos, um fenómeno intrigante que tem sido observado por sismólogos desde a década de 1960. Este pulso, conhecido como “microseísmo”, é uma vibração rítmica e subtil que ocorre de forma tão regular que se assemelha a um “batimento cardíaco” do planeta.


O que é este pulso?


O microseísmo de 26 segundos é uma vibração sísmica de baixa frequência, com origem identificada na região do Golfo da Guiné, na costa ocidental de África. Apesar de ser demasiado fraco para ser sentido por humanos, é suficientemente consistente para ser detectado por sismógrafos em todo o mundo. Este fenómeno foi inicialmente documentado pelo geólogo Jack Oliver, que notou a sua regularidade e localização específica . 


Possíveis explicações


Apesar de décadas de estudo, a causa exata deste pulso permanece incerta. Algumas das teorias propostas incluem:

Ondas oceânicas: A interação de ondas do oceano com a plataforma continental pode gerar vibrações regulares. 

Atividade vulcânica submarina: A libertação periódica de gás através de condutas vulcânicas pode causar estas pulsações . 

Processos geológicos internos: Mudanças de pressão em fraturas subterrâneas ou outras dinâmicas internas da Terra podem ser responsáveis.


Recentemente, estudos observaram que este pulso pode estar associado a “tremores deslizantes”, que são variações na frequência sísmica que ocorrem de forma linear e previsível, sugerindo um processo físico contínuo e não destrutivo . 


Significado e impacto


Embora o pulso de 26 segundos não represente perigo, ele oferece uma janela para compreender melhor os processos internos do nosso planeta. A sua regularidade e persistência tornam-no um fenómeno único na sismologia, desafiando os cientistas a desvendar os mistérios do interior da Terra.

~ChatGPT

Sábado Santo

imagem (UP via Pe Nuno Westwood)

 

O corpo do Mestre perfumado dorme 


Está lá nas profundezas do coração da terra. Dorme o sono dos mortos. Aquela que é a última etapa da visibilidade terrena. A maior e incontornável certeza da existência física. É o sair da carne e dos ossos para ser pó.


Neste dia de dormição a estepe é branca maiormente. Esta é negra não tem sulcos paralelos do arado, mas está cheia de crateras, montes altos e montículos de uma terra permanentemente revolta. As plantas que nesse frequente revolver resistem expõem as raízes que o sol secou. Por isso, os ramos e folhas revirados entram também na profundidade da terra, fazem uma plantação virada do avesso que aduba a promessa de novos rebentos e frutos.


A utilidade deste dia reside em mim e em ti. Se me liberto vivo. Se me oprimo morro. Tantas vezes, fico com a impressão que vivemos num grande e vasto sepulcro, rodeado de muitas pessoas enterradas de corpo e alma. É o meu mundo e o teu quando que está submerso na negritude da escuridão, fria e desconfortável.

 

A verdadeira prisão não está fora de nós, mas no interior de cada um de nós. E pode ser possível que não saibamos viver sem ela. Se confirmamos tal constatação já estaremos verdadeiramente mortos e não nos apercebemos dessa morte.

  

Na tradição cristã este dia é conhecido como o dia do silêncio. O dia do luto dos que seguem o Mestre. As mulheres foram sábias no respeito por este dia. Sábias a se remeterem ao cuidado do corpo do Mestre, porque o untaram com lágrimas, nardo sagrado e perfumes. Os homens andavam fugidos com o medo todo às costas.


Nós hoje olhamos o Mestre e tentamos também conduzir o nosso arado sobre os ossos do Mestre morto, para que o arado não encrave, mas se revigore no óleo da esperança e volte o sonho do mundo novo. A Páscoa cristã é atualização da luta por um mundo novo.


O silêncio deste dia anima-nos no vigor de uma vida nova, onde não há caminhos, mas caminhantes em todos trilhos do coração.


É a escuta do silêncio que nos livra do medo.


O Mestre dorme, as mulheres correm ao túmulo guiadas pelo silêncio. Não têm medo. Não temem as normas. Não se retraem porque as viam numa condição inferior. São a forma motora mais fiel à revolução e à transformação do mundo novo que por hora renasce do fundo da terra.


Até podíamos definir este dia como o da libertação dos medos. 


Os amigos do Mestre de verdade perceberam neste Sábado santo que deixou de existir o monstro do medo. Eis a paciência militante, pensada e consciente. E tal como diz William Blake: «A amizade verdadeira é a oposição». E com tantos a procurarem fidelidades caninas. Submissões acéfalas. Obediências cegas. E mais outras desqualificações que nalguns meios se assumem como virtudes para enfartar quem gosta de comandar povo como manada.

 

Esta é uma pérfida ilusão se no fim ficas só na podridão do túmulo que construíste com as tuas mãos e agora não consegues revirar a pedra que hermeticamente te fechou.


Tanto vazio confrangedor que nos rodeia, mata o silêncio deste dia e perturba o descanso do Mestre. Mas também o nosso se quisermos ser sérios e disponíveis ao que nos reconstrói por dentro. JLR


fonte: Pe José Luís Rodrigues




terça-feira, 15 de abril de 2025

Um dos acontecimentos mais importantes

 


O jornalista pergunta ao Chico:


— Poderia nos contar um fato ou uma passagem de sua vida que lhe traz melhores recordações e que mais lhe tocou o coração?


— Peço permissão para contar um caso que, para mim, foi um dos mais expressivos, que mais parece uma história infantil; 

Eu estava em Uberaba, esperando um ônibus para ir ao cartório. Da nossa residência até lá, tem uns três quilômetros. Nós, com o horário marcado, não podíamos perder o ônibus. Mas, quando o ônibus estava quase parando, uma criança, de uns cinco anos, apresentando bastante penúria, grita para mim, de longe. Chamava por tio Chico, mas com muita ansiedade.

O ônibus parou e eu pedi então, ao motorista: Pode tocar o ônibus, porque aquela criança vem correndo em minha direção e estou supondo que este menino esteja em grande necessidade de alguma providência.

O ônibus seguiu. Eu perdi, naturalmente, o horário. A criança chegou ao meu lado, arfando, respirando com muita dificuldade. Eu perguntei: O que aconteceu meu filho?

– Tio Chico, eu queria pedir ao senhor, para me dar um beijo...


- Esse, eu acho, que foi um dos acontecimentos mais importantes de minha vida.


Fonte: Jornal Estado de Minas –entrevistas publicadas em julho de 1980


via Bruno Henrique de Sírius

Judas, onde estás?

 


Diante de Judas, o nosso primeiro impulso é apontar o dedo. Mas, se formos honestos, talvez o desconforto que ele nos provoca seja, na verdade, o reflexo das nossas próprias quedas. Judas é o espelho das nossas infidelidades, das promessas que não cumprimos, das alianças que rompemos em silêncio.


A traição… palavra dura. Não nasce do desconhecido. Não vem de longe. Ela acontece onde há vínculo, onde existe confiança e presença partilhada. Trair é quebrar o invisível que une duas pessoas. E por isso dói tanto: porque vem de quem está próximo, de quem se ama.


Judas não era um rosto estranho. Sentava-se à mesa. Partilhava o pão. Caminhava lado a lado. Era um dos do grupo. E, ainda assim, foi ele quem entregou. Porque a traição não tem rosto. Tem silêncio. Tem disfarce. Tem coração dividido.


Talvez cada um de nós carregue um pequeno Judas dentro de si. Quando escolhemos o interesse em vez da lealdade. Quando ficamos calados onde deveríamos ter falado. Quando trocamos afetos por moedas de conveniência. E fazemos isso sorrindo, com aparência de normalidade.


A Ceia continua. Jesus, sereno mas ferido, anuncia: “Um de vós há-de entregar-me.” E todos se entreolham, desconcertados. Porque o traidor pode ser qualquer um. Posso ser eu. Podes ser tu.


Judas, onde estás?

Talvez, um pouco... em cada um de nós.


~Pe João Torres



Defendermo-nos da infelicidade



segunda-feira, 14 de abril de 2025

Filipe entre as estrelas


Encontrei esta foto (sem a minha pessoa) algures no facebook (agora já não consigo encontrar o post original). Nos comentários alguém sugeria que a imagem teria sido gerada por IA. E deve ter sido. Assim, lembrei-me de sacar a foto e pedir ao ChatGPT para me adicionar lá no meio. Olhem só para o resultado. Fiquei um pouco diferente mas não deixa de ser engraçado.

fonte: facebook


domingo, 13 de abril de 2025

Uma jornada de Humildade e Libertação

 





Domingo de Ramos: Uma Jornada de Humildade e Libertação


O Domingo de Ramos, celebrado por cristãos em todo o mundo, comemora a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, um momento imerso em uma celebração paradoxal, marcada pelo sacrifício iminente. Embora ele montasse um modesto jumento, e não uma carruagem de conquistas, multidões agitavam ramos de palmeira, gritando "Hosana", saudando-o como rei. Começando hoje a Semana Santa, este dia apresenta profundas lições de humildade e emancipação que combinam espiritualidade indiana, teologia cristã e ideias contemporâneas que ressoam em todas as religiões. Na tradição cristã, o Domingo de Ramos (Marcos 11:1-10) captura a decisão consciente de Jesus em direção à humildade. Ao contrário dos líderes mundanos, Jesus chega a Jerusalém montado em um jumento, representando, portanto, a paz em vez da força. Isso reflete a percepção espiritual indiana, especialmente a lição do Bhagavad Gita (cap. 3:27), em que Krishna exorta Arjuna a se comportar sem ego. Krishna aconselha a humildade como independência das distorções do eu. A chegada de Jesus nos obriga a refletir: em uma sociedade preocupada com status, seja o poder nas mídias sociais ou as hierarquias corporativas, podemos escolher a simplicidade em vez do orgulho? No hinduísmo, as folhas de palmeira, particularmente da palmeira-do-coco, são reverenciadas como emblemas da vida e da fertilidade. Sua extensão em forma de leque reflete a abundância da criação, vista em rituais por toda a Índia. Durante festivais como Pongal, em Tamil Nadu, ou Onam, em Kerala, as folhas de palmeira adornam casas e templos, sinalizando começos auspiciosos e gratidão pela generosidade da natureza. Isso se assemelha às palmas do Domingo de Ramos, agitadas em homenagem a Jesus como portador da renovação espiritual. Ambas as tradições usam as palmas para celebrar a promessa da vida, mas no Domingo de Ramos, elas também sugerem sacrifício, lembrando-nos, como sugere o Mundaka Upanishad (3.2.3), que a verdadeira abundância está além do efêmero.


No Domingo de Ramos, no entanto, essas palmas refletem a sabedoria dos Upanishads de que a verdadeira emancipação vai além de vitórias momentâneas, ou seja, da paixão de Jesus. Embora o Domingo de Ramos nos convide a buscar um propósito permanente, em consonância com a ideia de Brahman do Advaita Vedanta, a verdade eterna que conecta tudo, o mundo acelerado de hoje nos tenta com vitórias curtas, como promoções e tendências. A teologia cristã indiana vê Jesus como um guru universal, refletindo a verdade, a consciência e a bem-aventurança de Sat-Chit-Ananda. Refletindo a unidade da não dualidade, sua chegada conecta o céu e a humanidade, governante e servo. No mundo, onde raças, castas, línguas e fé às vezes se separam, a emancipação do Domingo de Ramos nos convida a reconhecer Cristo em cada indivíduo, enquanto Ramakrishna acolheu todos os caminhos como divinos. Isso fala de moksha, libertação da ilusão, expiação cristã e liberdade sem pecado. Seja por ego, intolerância ou desespero, ambos nos incitam a criar sociedades inclusivas, apontando para a quebra de grilhões. Psicologicamente, o Domingo de Ramos enfatiza a complexidade humana. O "Hosana" das massas logo se transforma em "Crucifica-o", uma mudança semelhante à dissonância cognitiva, na qual ideias opostas nos perturbam. Estudos de Leon Festinger revelam que os humanos normalmente escapam desse desconforto apegando-se a histórias familiares. Bombardeados pelo conhecimento e pela divisão, nós, no mundo moderno, precisamos equilibrar a tradição com a modernidade e a unidade com o conflito. O Domingo de Ramos nos pede para enfrentar os problemas e escolher a autenticidade em vez do conformismo. O Domingo de Ramos é, espiritualmente, um chamado à comunidade e à metamorfose. Embora erráticas, as multidões simbolizam nossa necessidade comum de otimismo, assim como o sangat do Sikhismo, no qual a fé coletiva aguça a vontade. Ainda assim, sua traição alerta contra a submissão irrefletida. Segurando as palmas, somos convidados a nos revigorar em vez de apenas celebrar. O caminho de humildade e emancipação do Domingo de Ramos parece mais necessário no presente. Hoje temos fome espiritual, divisões sociais e problemas ambientais. Jesus é o caminho que serve aos desprivilegiados, aceitando a verdade. Libertação é libertar-se da separação, da indiferença e do egoísmo para que todas as pessoas possam prosperar em nosso planeta. Neste Domingo de Ramos, desejo que os corações se abram com humildade e coragem, abraçando a unidade e a compaixão apesar de todas as divisões, para que possamos caminhar juntos em direção a um mundo de paz e libertação.


~Pe. Dorathick OSB Cam Dorathick Vj


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Parabéns José Tolentino Mendonça


Prémio destinado a galardoar personalidades ou instituições com intervenção relevante no âmbito da Cultura, Cidadania e Cooperação Ibéricas, foi atribuído por *unanimidade* ao intelectual, humanista e poeta que marca inequivocamente a cultura portuguesa contemporânea. 

Parabéns D.Tolentino!🙂👏🏼
via Paulo Santos

sábado, 12 de abril de 2025

Amanhã é Domingo de Ramos


🙏😊No domingo (13), a Igreja dá início à Semana Santa, com o Domingo de Ramos, comemorando não um, mas dois acontecimentos muito significativos na vida de Cristo. A seguir, seis coisas que você precisa saber sobre essa data. 



fonte: ACI DIGITAL


via Pérolas de Sabedoria


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quinta-feira, 10 de abril de 2025

Ser UM

#8,216,436,861 (worldometer)


Já somos tantos...!

Quantos precisaremos de ser
até conseguirmos perceber
que devemos apenas Ser 
UM?

Nota: 
Quando eu nasci, em 1965, 
a população da Terra 
era de aproximadamente 
apenas 3,3 bilhões de pessoas.

quarta-feira, 9 de abril de 2025

sobre a paciência

 

Só perco a calma com coisas pequenas
~FR

O Hospital de Alfaces

 


A obesidade do ego vem da anorexia de amor.


Não é autoestima. 

É fome. 

Uma fome crua, infantil, insaciável. 

Uma fome que pede palmas, likes, confirmações diárias de que se é especial, necessário, acima da média. Um buraco negro de validação.


A ausência de amor próprio cria aberrações. 

O fraco que se acha forte porque grita mais alto. 

O inseguro que precisa de humilhar para se sentir grande. 

O carente que se enfeita de arrogância para parecer autossuficiente. 


Quando não há amor, fica a vaidade vazia.


O ego inchado é um sinal de desnutrição emocional. 

Quem se sente amado não precisa de provar nada. 

Quem é suficiente para si mesmo não precisa que o mundo o aplauda.

Quem não se alimenta de afecto empanturra-se de si mesmo. 

O vazio nunca se sacia; disfarça-se com arrogância, com o inchaço patético de uma importância inflamada. 


A obesidade do ego vem da anorexia de amor. 


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O HOSPITAL DE ALFACES

O meu novo livro.


Já disponível em todos os hipermercados e livrarias.


~Pedro Chagas Freitas