O jornalista pergunta ao Chico:
— Poderia nos contar um fato ou uma passagem de sua vida que lhe traz melhores recordações e que mais lhe tocou o coração?
— Peço permissão para contar um caso que, para mim, foi um dos mais expressivos, que mais parece uma história infantil;
Eu estava em Uberaba, esperando um ônibus para ir ao cartório. Da nossa residência até lá, tem uns três quilômetros. Nós, com o horário marcado, não podíamos perder o ônibus. Mas, quando o ônibus estava quase parando, uma criança, de uns cinco anos, apresentando bastante penúria, grita para mim, de longe. Chamava por tio Chico, mas com muita ansiedade.
O ônibus parou e eu pedi então, ao motorista: Pode tocar o ônibus, porque aquela criança vem correndo em minha direção e estou supondo que este menino esteja em grande necessidade de alguma providência.
O ônibus seguiu. Eu perdi, naturalmente, o horário. A criança chegou ao meu lado, arfando, respirando com muita dificuldade. Eu perguntei: O que aconteceu meu filho?
– Tio Chico, eu queria pedir ao senhor, para me dar um beijo...
- Esse, eu acho, que foi um dos acontecimentos mais importantes de minha vida.
Fonte: Jornal Estado de Minas –entrevistas publicadas em julho de 1980
Sem comentários:
Enviar um comentário