terça-feira, 10 de janeiro de 2023
sobre as diferenças…
As diferenças são uma fonte de problemas na vida humana.
Em qualquer condição, tentemos encontrar parecenças ou semelhanças com aquilo que encontramos. Se nos focarmos apenas nas diferenças, surgirão preconceitos e pensamentos negativos.
Se formos capazes de ver as semelhanças que temos com outras pessoas, seremos capazes de tolerarmos e respeitarmo-nos uns aos outros.
Vitor Ribeiro |
domingo, 8 de janeiro de 2023
oops
I suddenly saw that all the time it was not I who had been seeking God, but God who had been seeking me. I had made myself the centre of my own existence and had my back turned to God.
Bede Griffiths |
somos nós
Queridos irmãs e irmãos, no final da celebração do mistério do Natal, temos a Festa da Epifania. O nascimento de Jesus, o Deus connosco, tem de resplandecer e cada um de nós é testemunha, cada um de nós que está aqui é um implicado nesse nascimento, e é chamado a transportar essa boa nova, essa alegria, essa possibilidade de encontro a todas as mulheres e a todos os homens. Nós não vivemos o mistério em função de nós próprios, da nossa auto referencialidade, da nossa auto preservação, mas nós vivemos este mistério em Deus que é amor, que tem um coração onde todos cabem. E por isso, na nossa maneira de olhar, na nossa maneira de estar, nas escolhas que fazemos, na construção do mundo que efectivamos, temos de ter isso em conta – a universalidade. Porque este Menino que nasceu ensina-nos a nascer.
Nós, dentro de dias, começamos a arrumar os presépios dentro dos sacos, dentro das caixas, mas é importante que não arrumemos o espírito do presépio porque Jesus já nasceu há dois mil anos. Quem precisa de nascer hoje somos nós. Somos nós.
Tolentino Mendonça |
Adeus Dora, até já
sexta-feira, 6 de janeiro de 2023
A lenda do quarto Rei Mago
A lenda do quarto Rei Mago
Dizem que houve um quarto rei mago que também viu a estrela brilhar e decidiu segui-la. Como presente, pensou em oferecer ao menino um baú cheio de pérolas preciosas.
No entanto, em seu caminho, ele encontrou várias pessoas que estavam pedindo sua ajuda.
O rei mago os auxiliou com alegria e diligência e doou uma pérola a cada uma dessas pessoas. Ele encontrou muitos pobres, doentes, aprisionados e miseráveis e não podia deixá-los sem ajuda. Ficou o tempo necessário para aliviar a dor de todos eles, depois partiu. Mas novamente encontrava outro desamparado pelo caminho. O rei tinha um coração nobre e bom e, mesmo ficando atrasado para chegar até o menininho, parava sua viagem e socorria todos os que dele necessitavam. Ao partir entregava sempre uma de suas pérolas preciosas…
A estrela guia brilhava luminosa no alto céu noturno e o rei pôde segui-la com confiança.
Aconteceu que, quando finalmente chegou a Belém, os outros reis magos já não estavam mais lá. José, Maria e o menino Jesus também não estavam na casa indicada pela estrela-guia que agora brilhava cada vez mais suave até desaparecer no céu infinito. Os pais do menininho haviam recebido a visita dos anjos celestes a anunciar: “José, Maria, peguem o menino divino e fujam para as distantes terras do Egito. Herodes, o rei caído nas sombras, quer matar o menininho”. Eles imediatamente haviam se colocado a caminho.
O quarto rei mago decidiu, mesmo sem ter a estrela guia no céu, continuar sua busca até encontrar a criança divina. Ele sentia que a estrela brilhava também em seu coração e de lá ela o conduziria.
Ele procurou e procurou e procurou… e dizem que ele passou mais de trinta anos viajando pela terra, procurando a criança e ajudando os necessitados. Até que um dia chegou a Jerusalém justamente no momento em que o Cristo era crucificado. Conseguiu perceber, ao redor dele, o mesmo brilho da estrela que o guiara primeiro do céu e depois de dentro de seu coração. Eis a criança que ele havia procurado por tanto tempo.
A tristeza encheu seu coração, já velho e cansado pelo tempo. Embora ainda guardasse uma pérola na bolsa, era tarde demais para oferecê-la à criança que, agora, transformada em homem, pendia de uma cruz. Ele havia falhado em sua missão. E sem ter mais para onde ir, ficou em Jerusalém para esperar a morte chegar.
Apenas três dias se passaram quando uma luz, ainda mais brilhante do que mil estrelas, encheu seu quarto. O Ressuscitado veio ao seu encontro! O rei mago, caindo de joelhos diante dele, pegou a pérola que restava e estendeu-a a Jesus Cristo que a segurou e carinhosamente disse: “Você não falhou em sua missão. Pelo contrário, você me encontrou por toda a sua vida. Eu estava nu e você me vestiu. Eu estava com fome e você me deu comida. Eu estava com sede e você me deu de beber. Eu fui preso e você me visitou. Eu estava em todas as pessoas pobres que você ajudou no seu caminho. Muito obrigado por tantos presentes de amor! Agora você estará comigo para sempre, porque o céu é a sua recompensa”.
Autor/a desconhecido/a
fonte: Fernando Ventura
quinta-feira, 5 de janeiro de 2023
quarta-feira, 4 de janeiro de 2023
Dia negro, este…
-Olá Filipe, onde estás? Vem para casa.
-Olá Mã… Eu estou em casa.
-Em casa? Não estás nada. Onde é que estás?
Hoje almocei com a minha mãe e a Catarina no Chinês. Estranhei mas foi a minha mãe que nos convidou quando habitualmente temos de ser nós a insistir para que ela saia… Mais tarde confirmou-se que algo mais estranho se passou na mente da minha mãe. Na sua mente o meu pai voltou à vida!
-Onde está o teu pai?
-Mã, o pá faleceu há quase 5 anos…
Tive de mostrar à minha mãe fotos do epitáfio, ler-lhe uma carta que lhe escrevi um mês antes da sua partida, recordar toda aquela dor, abraçarmo-nos na recordação dessa dor. Hoje vou dormir aqui, a fazer companhia à minha mãe.
Entretanto assisto a notícias como estas na tv:
PUTIN ENVIOU NAVIO COM MÍSSEIS PARA O ATLÂNTICO.
Começa bem, este ano…
terça-feira, 3 de janeiro de 2023
As últimas palavras de Bento XVI…
POSTAL DO DIA
As últimas palavras de Bento XVI não me descansam
1.
Bento XVI morreu e o seu corpo está a ser velado no Vaticano. Milhares de fiéis esperaram horas para poder oferecer a sua homenagem ao “guardião da fé”.
Bento XVI surpreendeu-me.
E merece ser aplaudido por algumas das marcas que nos deixou: a começar pelo modo como abdicou de todo o poder, o primeiro que o fez nos últimos 600 anos na Igreja Católica.
Não é coisa pouca.
Um homem que abdica do poder, um homem que percebe que já não o poder exercer, um homem que o consegue apesar de todas as pressões que deve ter sofrido dos seus mais próximos, dos que com ele perderiam regalias e estatuto, é tudo menos um pormenor.
2.
Bento XVI era um intelectual.
Um homem que pensava.
Que lia e escrevia.
Um homem que falava várias línguas, que lia diretamente do hebraico, que gostava e precisava de longos retiros para se sentir ele próprio.
Um intelectual tem dificuldades muito particulares no exercício do poder. E quando o exercício do poder significa uma influência direta em relação à vida de milhões de pessoas, a coisa piora. Não é fácil encontrar um intelectual que não tenha dificuldades na tomada de posição, regra geral quando assume o poder tenta que a sua natureza não seja prevalecente em relação ao desígnio da ação – na maior parte dos casos não dá bom resultado.
Bento XVI conseguiu deixar uma marca importante.
E talvez de uma forma inadvertida abriu espaço para Francisco, um líder completamente diferente.
3.
Li com enorme prazer a biografia que escreveu sobre Jesus Cristo.
Extraordinário contributo para a compreensão, sem ortodoxias da figura do filho de José e Maria, do “filho de Deus” para tantos de nós. Para mim também, apesar de não ser religioso, para mim também.
Esta introdução para reforçar a força e o interesse da última frase que saiu da boca de Bento XVI antes de partir.
Um enfermeiro de turno, o último que viu o Papa Emérito vivo, escutou as palavras e passou-as ao mundo. Bento XVI terá dito em italiano, “Senhor, eu amo-te”.
4.
Uma frase importante que me fez pensar esta manhã.
Uma última frase que, tendo acontecido ou não, ficará para a história.
Mas que diz um pouco sobre o muito que devemos refletir para que a nossa passagem por aqui – a minha e a tua – possa ser virtuosa.
Estou há muitos anos convencido de que o mais importante não é amarmos uma ideia de transcendência. Apesar de acreditar em Deus não faz sentido estar todos os dias inclinado perante o silêncio quando a relação com o que me transcende só pode ser alimentada por aquilo que eu fizer aqui.
Dizer que amo Deus antes de partir é muito bonito e importante, não o nego.
Mas muito mais importante é a capacidade de sermos todos os dias pessoas inteiras.
De sermos gente que acredita que o caminho se faz aqui, que o combate contra as iniquidades, contra a miséria humana, contra as injustiças se faz aqui.
Essa é a batalha, termos a capacidade de dizer que amamos a vida, esta que temos e não qualquer outra que exista fora de nós.
Que amamos a possibilidade de podermos ser o que sonhamos. De podermos ganhar sem atropelar a pessoa ao lado. De podemos escrever e ler livros, ver peças de teatros e filmes, imaginar caminhos nunca caminhados, responder a perguntas nunca respondidas ou simplesmente fazer o melhor possível.
Estar à altura do que a vida nos propõe.
Mesmo que a nossa vida seja estreita ou que a julguemos estreita, temos de fazer o melhor possível com o que somos, com o que herdámos.
Acredito em Deus, mas no final da minha vida diria “amei cada minuto que aqui passei, cada possibilidade que tive de ser melhor, de fazer melhor, cada falhanço também”.
Porque o meu Deus, como já escrevi num livro a que chamei “Amor”
“… Não tem voz grossa, tem a que imagino. O meu Deus não me castiga, oferece-me liberdade. O Meu Deus não me chantageia, acredita na responsabilidade. O meu Deus não me corta o desejo, recomenda-me uma canção. O meu Deus dança comigo quando danço sem par. O meu Deus tem humor, escuto-o e sei do que falo. O meu Deus está aqui, se me virar rápido ainda o vejo. O meu Deus é um pressentimento, uma promessa, é o bem e o mal, sou eu nos piores dias. É esperança e virtude. O meu Deus acredita em mim”.
Foi isso que escrevi e talvez um dia, quem sabe, o possa discutir com Bento XVI numa qualquer língua que hoje não conheço.
LO
fonte: Luís Osório
Bento XVI |