segunda-feira, 12 de junho de 2023

Do Amor



Do Amor - De Khalil Gibran (O Profeta)

Quando o amor vos chamar, segui-o,

Embora seus caminhos sejam agrestes e escarpados;

E quando ele vos envolver com suas asas, cedei-lhe,

Embora a espada oculta na sua plumagem possa ferir-vos;

E quando ele vos falar, acreditai nele,

Embora sua voz possa despedaçar vossos sonhos

Como o vento devasta o jardim.

Pois, da mesma forma que o amor vos coroa,

Assim ele vos crucifica.

E da mesma forma que contribui para vosso crescimento,

Trabalha para vossa poda.

E da mesma forma que alcança vossa altura

E acaricia vossos ramos mais tenros que se embalam ao sol,

Assim também desce até vossas raízes

E as sacode no seu apego à terra.

Como feixes de trigo, ele vos aperta junto ao seu coração.

Ele vos debulha para expor vossa nudez.

Ele vos peneira para libertar-vos das palhas.

Ele vos mói até a extrema brancura.

Ele vos amassa até que vos torneis maleáveis.

Então, ele vos leva ao fogo sagrado e vos transforma

No pão místico do banquete divino.

Todas essas coisas, o amor operará em vós

Para que conheçais os segredos de vossos corações

E, com esse conhecimento,

Vos convertais no pão místico do banquete divino.

Todavia, se no vosso temor,

Procurardes somente a paz do amor e o gozo do amor,

Então seria melhor para vós que cobrísseis vossa nudez

E abandonásseis a eira do amor,

Para entrar num mundo sem estações,

Onde rireis, mas não todos os vossos risos,

E chorareis, mas não todas as vossas lágrimas.

O amor nada dá senão de si próprio

E nada recebe senão de si próprio.

O amor não possui, nem se deixa possuir.

Porque o amor basta-se a si mesmo.

Quando um de vós ama, que não diga:

"Deus está no meu coração",

Mas que diga antes:

"Eu estou no coração de Deus".

E não imagineis que possais dirigir o curso do amor,

Pois o amor, se vos achar dignos,

Determinará ele próprio o vosso curso.

O amor não tem outro desejo

Senão o de atingir a sua plenitude.

Se, contudo, amardes e precisardes ter desejos,

Sejam estes os vossos desejos:

De vos diluirdes no amor e serdes como um riacho

Que canta sua melodia para a noite;

De conhecerdes a dor de sentir ternura demasiada;

De ficardes feridos por vossa própria compreensão do amor

E de sangrardes de boa vontade e com alegria;

De acordardes na aurora com o coração alado

E agradecerdes por um novo dia de amor;

De descansardes ao meio-dia

E meditardes sobre o êxtase do amor;

De voltardes para casa à noite com gratidão;

E de adormecerdes com uma prece no coração para o bem-amado,

E nos lábios uma canção de bem-aventurança.

via Dulce Ferraz


O segundo abutre

Na década de 1990 existiu uma foto amplamente divulgada de um abutre à espera que uma menina faminta morresse e se banqueteasse com a sua corporação. Essa foto foi tirada durante a fome de 1993/94 no Sudão, por Kevin Carter, um fotojornalista sul-africano, que mais tarde ganhou o Prémio Pulitzer por esta "incrível foto".
No entanto, enquanto Kevin Carter estava a saborear o seu feito e a ser celebrado nos principais canais de notícias e redes de todo o mundo por uma tal "habilidade fotográfica excepcional", ele viveu apenas alguns meses para desfrutar da sua suposta conquista e fama, já que mais tarde ficou deprimido e tirou a sua própria vida!
A depressão de Kevin Carter começou, quando durante uma dessas entrevistas (um programa de telefone), alguém ligou e perguntou-lhe o que tinha acontecido com a menina. Ele simplesmente respondeu: "Eu não esperei para descobrir depois deste tiro, pois tinha um voo para apanhar... "Então, quem ligou disse, "Eu coloquei pra você que havia dois abutres naquele dia, um tinha uma câmera".
Assim, o seu pensamento constante sobre aquela afirmação, mais tarde levou à depressão e ele finalmente cometeu suicídio. Kevin Carter poderia ainda estar vivo hoje e ainda muito mais famoso, se tivesse pegado naquela menina e levado para o Centro de Alimentação das Nações Unidas, onde ela estava a tentar chegar ou, pelo menos, levá-la para um lugar seguro.
Hoje, lamentavelmente é isto que está a acontecer em todo o mundo. O mundo celebra a estupidez e ato desumano, em detrimento do outro. Kevin Carter devia ter tirado a rapariga daquele lugar, o que não lhe vai custar nada, mas ele não o fez. Aqui está a postura desumana, "teve todo tempo para tomar a vacina, mas não teve tempo para salvar a vida da menina".
Assim, devemos todos entender que, o propósito da vida, é também tocar vidas. Então, você também é um Abutre. Seja o que for que fizermos, que a humanidade venha primeiro, diante do que temos a ganhar com a situação. Em tudo o que fazemos, pensemos sempre nos outros e em como podemos ser benéficos para a humanidade, como podemos dar uma mão amiga e limpar as lágrimas. Daí, quando buscamos conhecimento, riqueza, fama, habilidades ou até posições, pensemos em como podemos usá-lo para beneficiar as pessoas e a sociedade em geral.
Hoje, há muita pobreza na terra, então se o nosso Deus todo poderoso te abençoou, seja uma bênção para os outros, estenda a mão amiga para aqueles que precisam. Lembre-se, você dar, também é uma forma de apreciar bênçãos divinas, recompensas e o favor de Deus Todo-Poderoso sobre você. Por isso, é muito importante que todos nós ajudemos os pobres e necessitados, os órfãos e as viúvas entre nós, para que eles possam atender às suas necessidades. Por favor, não sejas um Kevin Carter, sê humano e pensa na humanidade.
Cuidado, nós humanos não somos humanos, se nos falta humanidade em tudo o que fazemos.

~Ivan Royster

fonte: WhatsApp com origem desconhecida 
via Maria Manuela Salgado

o segundo abutre…

Algumas notas: 
No dia 27 de julho de 1994, aos 33 anos, Kevin Carter foi até o local onde costumava brincar quando criança, em Joanesburgo, na África do Sul. Fixou com fita a ponta de uma mangueira no escapamento do seu carro (uma picape Nissan vermelha) e a outra dentro da cabine do veículo, fechou os vidros, ligou o carro, colocou a música em seu walkman e usando a mochila como travesseiro deitou-se de lado para aguardar o fim de sua vida. Kevin Carter morreu por intoxicação de monóxido de carbono quatro meses após ganhar o prêmio Pulitzer. Quando a polícia encontrou Kevin morto também encontrou uma triste nota de despedida que revelou as suas angustias:

"Eu sinto muito. A dor da vida ultrapassa a alegria ao ponto em que a alegria não existe… deprimido … sem telefone… dinheiro para o aluguel… dinheiro para sustentar as crianças… dinheiro para dívidas… dinheiro! … Estou assombrado pelas vívidas memórias de mortes e cadáveres e raiva e dor… de crianças famintas ou feridas, de loucos com dedo no gatilho, muitas vezes policiais, carrascos assassinos… Fui me juntar ao Ken (Ken Oosterbroek, seu colega fotógrafo que havia falecido há pouco tempo), se eu tiver tamanha sorte."

...
Uma equipe voltou para a aldeia de Ayod, no Sudão, para reconstruir a história daquela fotografia e tentar descobrir quem era a criança. Depois de várias reuniões com dezenas de moradores, uma mulher que distribuía comida naquele lugar, chamada Mary Nyaluak, lembrou o destino da criança e revelou: “Ele é um menino e não uma menina. O nome dele é Kong Nyong e mora fora da aldeia”. Com essa pista, dois dias depois, a equipe chegou à família do menino. O pai confirmou que a criança da foto de Kevin Carter era seu filho e que se recuperou da desnutrição e sobreviveu. O pai também disse que Kong morreu já adulto em 2006, devido a uma forte febre. 

quinta-feira, 8 de junho de 2023

Eu de Fernando Pessoa

 

Sou louco e tenho por memória
Uma longínqua e infiel lembrança
De qualquer dita transitória
Que sonhei ter quando criança.

Depois, malograda trajetória
Do meu destino sem esperança,
Perdi, na névoa da noite inglória
O saber e o ousar da aliança.

Só guardo como um anel pobre
Que a todo o herdado só faz rico
Um frio perdido que me cobre

Como um céu dossel de mendigo,
Na curva inútil em que fico
Da estrada certa que não sigo.

Fernando Pessoa

segunda-feira, 5 de junho de 2023

Quando

 

Quando o meu corpo apodrecer e eu for morta 
Continuará o jardim, o céu e o mar, 
E como hoje igualmente hão-de bailar 
As quatro estações à minha porta. 
Outros em Abril passarão no pomar 
Em que eu tantas vezes passei, 
Haverá longos poentes sobre o mar, 
Outros amarão as coisas que eu amei. 
Será o mesmo brilho, a mesma festa, 
Será o mesmo jardim à minha porta, 
E os cabelos doirados da floresta, 
Como se eu não estivesse morta. 





domingo, 4 de junho de 2023

Ele É A Eterna Surpresa

Ele é a eterna surpresa. Nosso Deus não é o Deus dos filósofos, mas é o Pai de Jesus Cristo, é o próprio Cristo, é o Espírito de Amor

fonte: Vatican News on Twitter 

#SantíssimaTrindade #EvangelhodeHoje

Santíssima Trindade



Por que motivo os cães vivem menos que as pessoas?

Por que os cães vivem menos que as pessoas? 


Aqui está a resposta. 


Certa vez um veterinário foi chamado para examinar um cão de 13 anos de idade chamado Batuta.


A família esperava por um milagre. Batuta foi examinado e descobriram que ele estava morrendo de câncer e que nada poderia ser feito. Batuta foi cercado pela família.


O menino, Pedro, parecia tão calmo, acariciando o cão pela última vez, e o veterinário se perguntava se ele entendia o que estava acontecendo.


Em poucos minutos, Batuta caiu pacificamente dormindo para nunca mais acordar.


O garotinho parecia aceitar sem dificuldade. A mãe perguntou: por que a vida dos cães é mais curta do que a dos seres humanos?


Pedro disse: Eu sei por quê.


A explicação do menino mudou a maneira do veterinário ver a vida:


"A gente vem ao mundo para aprender a viver uma boa vida, como amar aos outros e ser boa pessoa, né?!

...Como os cães já nascem sabendo fazer tudo isso, eles não têm que viver por tanto tempo como nós."


Moral da história:


Se um cão fosse nosso professor, aprenderíamos coisas como:


1. Quando teus entes queridos chegarem em casa, sempre corra para cumprimentá-los.


2. Nunca deixe passar uma oportunidade de ir passear.


3. Permita que a experiência do ar fresco e do vento no seu rosto seja de puro êxtase.


4. Alongue-se antes de se levantar.


5. Corra, salte e brinque diariamente.


6. Evite "morder" quando apenas um "rosnado" seria suficiente.


7. Em um clima muito quente, beba muita água e deite-se na sombra de uma árvore frondosa. 


8. Quando você estiver feliz, dance movendo todo o seu corpo.


9. Delicie-se com a simples alegria de uma longa caminhada.


10. Seja fiel.


11. Nunca pretenda ser algo que não é.


12. Se o que você quer, está "enterrado".. Cave até encontrar. 


13. E nunca se esqueça: quando alguém tiver num mal dia, fique em silêncio, sente-se próximo e suavemente faça-o sentir que você está ali.


#reflita


fonte: LinkedIn


E nunca se esqueça:
quando alguém tiver num mal dia,
fique em silêncio,
sente-se próximo e suavemente
faça-o sentir que você está ali


sábado, 3 de junho de 2023

Três nomes



Três nomes. Uma substância única, o amor. E três possibilidades de silêncio único.

A Santíssima Trindade que eu traduzo assim como...


...Os ouvidos da alma:


Sempre ouvir-te-ei

ainda que me rasguem a carne

os espinhos dos silvados

pendidos pelas amoras que me chamam


Conta-me pausadamente

das lágrimas que chorei na solidão

e das que vou verter na velhice


Mesmo que tenhas que despertar 

os olhos todos do mundo


- Não te cales

na injustiça

faz a coragem

ser pão todos os dias


Certamente alguém 

com os ouvidos da alma

ouvir-te-á


JLR


Santíssima Trindade


terça-feira, 30 de maio de 2023

sobre meditação

Pense na meditação como “higiene mental e emocional” da mesma forma que pensa em tomar banho como “higiene corporal”. Nesse sentido, não importa muito a hora a que faça, desde que não se esqueça…

~Maria Clara


 

segunda-feira, 29 de maio de 2023

Todos precisamos de perdão

Nosso desígnio, inconfessado, mas claríssimo, passa a ser atravessar a vida (e o que nos resta dela) com o estatuto de vítima. 


A nossa cabeça de pessoas crescidas é complicada. 


Descobrimos que há um prazer em listar achaques e traições, e se a minha chaga puder ser maior do que a tua tanto melhor, isso reforça o meu estatuto. A verdade é que se não tomarmos atenção, a desgraça íntima torna-se um escanzelado pódio onde nos blindamos. Penso que uma viragem se opera quando aceitamos perceber que somos todos vulneráveis. É fácil reproduzir um esquema dialéctico em que somos a vítima e o outro agressor e esquecer que ele também é atravessado pelo sofrimento. De fato, não raro, a agressão é uma linguagem desviada para exprimir ou para dissimular a condição de vítima. 


Um necessário caminho é reconhecer que naqueles que nos ferem (ou feriram) há também bloqueios, mazelas e opacos novelos. Se não nos amaram, não foi necessariamente por um ato deliberado, mas por uma história porventura ainda mais sufocada do que a nossa. Não se trata de desculpabilização, mas de reconhecer que naquele que não me fez justiça ou não me devolveu a cordialidade que investi existe alguém provado pelo limite. E que a ferida agora acesa não se destinava a mim especificamente: era um magma de violência à deriva, à beira de estalar.


Todos precisamos de perdão.

Perdoar é crer na possibilidade de transformação, a começar pela minha.


Muitas vezes a aproveitamos, a dor, para nos instalarmos nela. Preferimos ficar a esgravatar na ferida, a comer diariamente o pão velho da própria maldade, em vez de termos sede de beleza, desejo de outra coisa. Parece que aquilo que aconteceu (e de mal, ainda por cima) saciou-nos completamente. As ofensas recebidas revelam-nos um duro e irônico retrato de nós. Ora, para perdoar é preciso ter uma furiosa e paciente sede do que (ainda) não há. O perdão começa por ser uma luzinha. E é bom insistir e esperar. O sol não brota de repente. Essa demora é uma condição da sua verdade.

Tolentino

Os sete dons do Espírito Santo




- Olha só quem está do outro lado da rua…!