«Acaso é esse o jejum que me agrada,
no dia em que o homem se mortifica?
Curvar a cabeça como um junco,
deitar-se sobre saco e cinza?
Podeis chamar a isto jejum
e dia agradável ao SENHOR?»
Is 58, 5
Nesta Quaresma, Senhor, que jejum me pedes?
É bom e justo fixar um “ponto de esforço”,
que me vá recordando, dia-a-dia,
que o desprendimento e a mudança
são passos verdadeiros de conversão.
Mas estes pequenos gestos
têm de ser sinais de uma decisão mais funda
de um querer mais decidido,
de um desejo mais verdadeiro de perfeição.
Se assim não for, pelo possível e razoável,
mas acabo adiando a verdadeira questão:
mudar o meu coração!
É este o jejum que me pedes.
Só pode ser este:
mudar, mudar mesmo, mudar até ao fundo.
Ainda que doa... mesmo que doa.
Mudar é cumprir aquele Teu desejo sobre mim
de ser tal como me pensaste:
homem inteiro, de coração aberto á verdade,
capaz de ser feliz, já e agora,
apesar de toda a contingência do caminho.
Para que se cumpra o Teu desejo,
tenho que me libertar
do que me prende ao que não dura,
e do que me amarra à ilusão.
É esta a mudança, é este o jejum.
Ajuda-me Senhor!
Rui Corrêa d'Oliveira
in Oração da Manhã (Rádio Renascença)
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