O Livro de Job descreve com linguagem pungente
uma vivência do sofrimento, da carência, da injustiça e do desespero,
tão comum à experiência destes tempos
que não há quem escape de ali se ver retratado de alguma maneira.
Reconheço-me próximo deste Job no desalento que por vezes experimento
quando me sinto castigado injustamente pela vida.
Mas o que mais admiro neste homem sofredor
é o facto de nunca ter abandonado a sua relação com Deus,
num diálogo de coração aberto e com a certeza de que era ouvido
ainda que nada mudasse no quotidiano da sua miséria.
É este pedido insistente o que mais me aproxima de Job,
porque também eu sei pela fé e pela experiência
que não há forma mais humana de atravessar a dor.
Peço-Te Senhor, a mesma certeza deste homem bom,
para que como ele eu seja capaz de dizer no meio da tribulação:
«Eu sei que o meu redentor vive e prevalecerá, por fim, sobre o pó da terra;
e depois de a minha pele se desprender da carne,
na minha própria carne verei a Deus.
Eu mesmo O verei, os meus olhos e não outros O hão-de contemplar!»
Ajuda-me a viver assim,
mendicante da Tua Graça,
confiante na Tua justiça,
certo da Tua Presença,
grato pelas Tuas bençãos!
Rui Corrêa d’Oliveira
fonte: Oração da Manhã (RR)
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