Tenho um respeito sagrado pela fé. Durante os três meses de internamento do Benjamim, foi palpável. Era uma presença, não era uma doutrina. Foi uma forma de resistência, uma negação da desistência. Mesmo quem não crê tem de acreditar na fé. Na fé como fenómeno humano, como pulsação comum, como contágio inevitável. A fé existe para lá da crença. Epidemiza-se, salva por osmose. Por contaminação.
Eu senti-a ali, no hospital. Senti-a de quem rezava, de quem cuidava, de quem enviava e-mails, mensagens, vídeos cómicos. Era impossível não ser arrastado. A fé não se explica, não se prova, não se mede. Não é racional; é real. A fé não é a certeza de que as coisas vão ficar bem; é a certeza de que não deixaremos de tentar.
Em Fátima, no meio destes milhares, estariam muitos assim, com a mesma obstinação de quem se recusa a ser reduzido ao acaso. A fé é o protesto mais nobre contra a indiferença do universo.
É a fé a forma mais sublime de desobediência.
Texto muito inspirador.
ResponderEliminarComo sempre o Pedro é. 👍
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