terça-feira, 11 de janeiro de 2022

entrevista com médico tibetano


 via Deva Shamim Nascimento 🙏💖


ENTREVISTA COM UM MÉDICO TIBETANO, LAMA TULKU LOBSANG RINPOCHE

"Sou uma pessoa normal, penso o tempo todo. 

Mas tenho a mente treinada. 

Isso quer dizer que não sigo meus pensamentos. 

Eles vêm, mas não afetam nem minha mente, nem meu coração."


Quando um paciente chega para consulta, como o senhor sabe qual o problema?

R – Olhando como ele se move, sua postura, seu olhar. 

Não é necessário que fale nem explique o que se passa. 

Um doutor de medicina tibetana experiente sabe do que sofre o paciente a 10 m de distância.


Mas o senhor também verifica seus pulsos.

R – Assim obtenho a informação que necessito sobre a saúde do paciente. 

Com a leitura do ritmo dos pulsos é possível diagnosticar cerca de 95% das enfermidades, inclusive psicológicas. 

A informação dada por eles é precisa como um computador. Para lê-los, é necessária muita experiência.


E depois, como realiza a cura?

R – Com as mãos, o olhar e preparados de plantas e minerais.


Segundo a medicina tibetana, qual é a origem das doenças?

R – Nossa ignorância.


Então, perdoe a minha, mas o que entender por ignorância?

R – Não saber que não sabe. 

Não ver com clareza. 

Quando vemos com clareza, não temos que pensar. 

Quando não vemos claramente, colocamos o pensamento para funcionar. 

E, quanto mais pensamos, mais ignorantes somos, mais confusão criamos.


Como posso ser menos ignorante?

R – Vou ensinar um método muito simples: praticando a compaixão. 

É a maneira mais fácil de reduzir os pensamentos. 

E o amor. 

Se amamos alguém de verdade, se não o queremos só para nós, aumentamos a compaixão.


Que problemas percebe no Ocidente?

R – O medo. 

O medo é o assassino do coração humano.


Por quê?

R – Porque, com medo, é impossível ser feliz e fazer felizes os outros.


Como enfrentar o medo?

R – Com aceitação. 

O medo é resistência ao desconhecido.


Como médico, em que parte do corpo vê mais problemas?

R – Na coluna, na parte baixa da coluna: 

as pessoas permanecem sentadas tempo demais na mesma posição. 

Com isso, se tornam rígidas demais.


Temos muitos problemas.

R – Acreditamos ter muitos problemas, mas, na realidade, nosso problema é que não os temos.


O que isso quer dizer?

R – Que nos acostumamos a ter nossas necessidades básicas satisfeitas, de modo que qualquer pequena contrariedade nos parece um problema. 

Então, ativamos a mente e começamos a dar voltas e mais voltas sem conseguir solucioná-la.


Alguma recomendação?

R – Se o problema tem solução, já não é um problema. 

Se não tem, também não.


E para o estresse?

R – Para evitá-lo, é melhor estar louco.


???

R – É uma piada. 

Mas não tão piada assim. 

Eu me refiro a ser ou parecer normal por fora e, por dentro, estar louco: 

é a melhor maneira de viver.


Que relação o senhor tem com sua mente?

R – Sou uma pessoa normal, penso o tempo todo. 

Mas tenho a mente treinada. 

Isso quer dizer que não sigo meus pensamentos. 

Eles vêm, mas não afetam nem minha mente, nem meu coração.


O senhor ri muito?

R – Quando alguém ri nos abre seu coração. 

Se você não abre seu coração, é impossível entender o humor. 

Quando rimos, tudo fica claro. 

Essa é a linguagem mais poderosa que nos conecta uns aos outros diretamente.


O senhor acaba de lançar um CD de mantras com base eletrônica, para o público ocidental.

R – A música, os mantras e a energia do corpo são a mesma coisa. 

Como o riso, a música é um grande canal para nos conectar com o outro. 

Por meio dela, podemos nos abrir e nos transformar: 

assim, usamos a música em nossa tradição.


O que gostaria de ser quando ficar mais velho?

R – Gostaria de estar preparado para a morte.


E mais nada?

R – O resto não importa. 

A morte é o mais importante da vida. 

Creio que já estou preparado. 

Mas, antes da morte, devemos nos ocupar da vida. 

Cada momento é único. 

Se damos sentido à nossa vida, chegamos à morte com paz interior.


Aqui vivemos de costas para a morte.

R – Vocês mantêm a morte em segredo. 

Até que chegará um dia em sua vida em que já não será um segredo: 

não será possível escondê-la.


E qual o sentido da vida?

R – A vida tem sentido e não tem. 

Depende de quem você é. 

Se você realmente vive sua vida, então a vida tem sentido. 

Todos têm vida, mas nem todos a vivem. 

Todos temos direito a sermos felizes, mas temos que exercer esse direito. 

Do contrário, a vida não tem sentido.

fonte: Miguel Sousa 

outra fonte: Vitor Pomar

Sem comentários:

Enviar um comentário