via Deva Shamim Nascimento 🙏💖
ENTREVISTA COM UM MÉDICO TIBETANO, LAMA TULKU LOBSANG RINPOCHE
"Sou uma pessoa normal, penso o tempo todo.
Mas tenho a mente treinada.
Isso quer dizer que não sigo meus pensamentos.
Eles vêm, mas não afetam nem minha mente, nem meu coração."
Quando um paciente chega para consulta, como o senhor sabe qual o problema?
R – Olhando como ele se move, sua postura, seu olhar.
Não é necessário que fale nem explique o que se passa.
Um doutor de medicina tibetana experiente sabe do que sofre o paciente a 10 m de distância.
Mas o senhor também verifica seus pulsos.
R – Assim obtenho a informação que necessito sobre a saúde do paciente.
Com a leitura do ritmo dos pulsos é possível diagnosticar cerca de 95% das enfermidades, inclusive psicológicas.
A informação dada por eles é precisa como um computador. Para lê-los, é necessária muita experiência.
E depois, como realiza a cura?
R – Com as mãos, o olhar e preparados de plantas e minerais.
Segundo a medicina tibetana, qual é a origem das doenças?
R – Nossa ignorância.
Então, perdoe a minha, mas o que entender por ignorância?
R – Não saber que não sabe.
Não ver com clareza.
Quando vemos com clareza, não temos que pensar.
Quando não vemos claramente, colocamos o pensamento para funcionar.
E, quanto mais pensamos, mais ignorantes somos, mais confusão criamos.
Como posso ser menos ignorante?
R – Vou ensinar um método muito simples: praticando a compaixão.
É a maneira mais fácil de reduzir os pensamentos.
E o amor.
Se amamos alguém de verdade, se não o queremos só para nós, aumentamos a compaixão.
Que problemas percebe no Ocidente?
R – O medo.
O medo é o assassino do coração humano.
Por quê?
R – Porque, com medo, é impossível ser feliz e fazer felizes os outros.
Como enfrentar o medo?
R – Com aceitação.
O medo é resistência ao desconhecido.
Como médico, em que parte do corpo vê mais problemas?
R – Na coluna, na parte baixa da coluna:
as pessoas permanecem sentadas tempo demais na mesma posição.
Com isso, se tornam rígidas demais.
Temos muitos problemas.
R – Acreditamos ter muitos problemas, mas, na realidade, nosso problema é que não os temos.
O que isso quer dizer?
R – Que nos acostumamos a ter nossas necessidades básicas satisfeitas, de modo que qualquer pequena contrariedade nos parece um problema.
Então, ativamos a mente e começamos a dar voltas e mais voltas sem conseguir solucioná-la.
Alguma recomendação?
R – Se o problema tem solução, já não é um problema.
Se não tem, também não.
E para o estresse?
R – Para evitá-lo, é melhor estar louco.
???
R – É uma piada.
Mas não tão piada assim.
Eu me refiro a ser ou parecer normal por fora e, por dentro, estar louco:
é a melhor maneira de viver.
Que relação o senhor tem com sua mente?
R – Sou uma pessoa normal, penso o tempo todo.
Mas tenho a mente treinada.
Isso quer dizer que não sigo meus pensamentos.
Eles vêm, mas não afetam nem minha mente, nem meu coração.
O senhor ri muito?
R – Quando alguém ri nos abre seu coração.
Se você não abre seu coração, é impossível entender o humor.
Quando rimos, tudo fica claro.
Essa é a linguagem mais poderosa que nos conecta uns aos outros diretamente.
O senhor acaba de lançar um CD de mantras com base eletrônica, para o público ocidental.
R – A música, os mantras e a energia do corpo são a mesma coisa.
Como o riso, a música é um grande canal para nos conectar com o outro.
Por meio dela, podemos nos abrir e nos transformar:
assim, usamos a música em nossa tradição.
O que gostaria de ser quando ficar mais velho?
R – Gostaria de estar preparado para a morte.
E mais nada?
R – O resto não importa.
A morte é o mais importante da vida.
Creio que já estou preparado.
Mas, antes da morte, devemos nos ocupar da vida.
Cada momento é único.
Se damos sentido à nossa vida, chegamos à morte com paz interior.
Aqui vivemos de costas para a morte.
R – Vocês mantêm a morte em segredo.
Até que chegará um dia em sua vida em que já não será um segredo:
não será possível escondê-la.
E qual o sentido da vida?
R – A vida tem sentido e não tem.
Depende de quem você é.
Se você realmente vive sua vida, então a vida tem sentido.
Todos têm vida, mas nem todos a vivem.
Todos temos direito a sermos felizes, mas temos que exercer esse direito.
Do contrário, a vida não tem sentido.
fonte: Miguel Sousa
outra fonte: Vitor Pomar
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