segunda-feira, 23 de setembro de 2024

Ausência

 


Por muito tempo achei que a ausência é falta.

E lastimava, ignorante, a falta.

Hoje não a lastimo.

Não há falta na ausência.

A ausência é um estar em mim.

E sinto-a, branca, tão pegada, 

aconchegada nos meus braços,

que rio e danço e invento exclamações alegres,

porque a ausência, essa ausência assimilada,

ninguém a rouba mais de mim.


Carlos Drummond de Andrade 

Livro: Obra poética, Volumes 4-6. Lisboa: Publicações Europa-América, 1989.


via Literatura , arte e fatos.





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