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Uma cadeira, 69 bolas de voleibol forradas por uma rede de aço, um motor de dois cavalos e uma boa dose de imaginação, foi quanto bastou para o padre Almiro Mendes se lançar ao Rio Douro, a fim de percorrer a extensão da Diocese do Porto.
«Eu bem gostava que fosse um motor de um Ferrari, mas só tem dois cavalos. Torna-se uma viagem muito monótona», desabafa o pároco, citado pela Lusa.
Para trás, ficaram dois dias de caminho, repletos de introspecção, de oração e de fé, inabaláveis pelo som do ruidoso motor «Honda», potenciado por dois «humildes» cavalos.
«Isto é uma jangada, não é um iate. Aproveitei para rezar e navegar dentro de mim. Foi uma introspecção extraordinária», considerou.
À primeira vista, a criativa jangada em forma de Cristo cria algumas dúvidas quanto à exactidão do formato do Filho de Deus pregado na cruz. Desde logo, porque os braços não estão abertos, mas sim para baixo.
«Tinha de ser uma coisa feita com segurança. Imaginei e depois foi executá-la, até mereceu um louvor do senhor comandante de navegabilidade do rio douro», informou, orgulhoso, o padre Almiro.
Uma viagem com três sentidos: «um literal, um figurativo e um espiritual».
«O literal é que o nosso bispo convocou-nos para a missão 2010 com manifestações encantadoras. Inserido nessas missões foram construídos milhares de Cristos e eu construí um em jeito de jangada», começou por explicar.
No sentido figurativo, o padre de Ramalde tenta «dizer a Portugal que convém embarcarmos numa nova aventura. A dos valores, a de superação da crise, dignidade humana. Portugal tem de navegar em águas mais serenas até à foz, que é o nosso sucesso».
E finalmente o espiritual: «Sou padre, sou apaixonado por Deus e as pessoas deviam também em Deus embarcar sem medo de naufragar».
in diarioiol
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