É com indisfarçável melancolia que nós, os mais adiantados na idade, recordamos as chamadas férias grandes.
Perdido nas memórias mas alojado na alma, este era um tempo em que tempo havia.
Era o tempo em que o tempo sobrava, em que o tempo parecia nunca faltar.
Era o tempo em que o tempo não nos tinha. Nós é que tínhamos tempo. Para tudo. Ou quase.
Era um tempo totalmente diferente para os padrões actuais. Não se pensava em viagens. O dinheiro escasseava e as oportunidades não abundavam.
A preocupação não era ocupar o tempo. Era sobretudo sentir o tempo. Saborear o tempo. Digerir o tempo.
Nas férias, o tempo parecia desistir de passar. Dir-se-ia que também repousava.
Não voava, como hoje. Dávamos conta de cada segundo. Os minutos eram tão mastigados que até pareciam esticar as horas.
Pe João António Pinheiro Teixeira
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