Cientistas encontram um mundo oculto que não vê a luz do sol há mais de 34 milhões de anos.
Sob cerca de 2 quilômetros de gelo da Antártida Oriental, pesquisadores descobriram algo extraordinário: uma paisagem antiga e intocada que permaneceu oculta por mais de 34 milhões de anos.
Usando dados do satélite RADARSAT e sondagens de rádio-eco (RES), os cientistas mapearam uma região esculpida por um vale do tamanho de Maryland, nos EUA, ou do País de Gales, no Reino Unido, revelando rios, cristas e bacias antigas seladas sob a camada de gelo da Antártida Oriental. Essas características datam de uma época anterior ao congelamento da Antártida – quando o continente fazia parte de Gondwana, um supercontinente que outrora compartilhava com a África, a América do Sul e a Austrália.
Naquela época, a Antártida não era um deserto gelado, mas uma terra verde e temperada, lar de rios caudalosos, florestas densas e, possivelmente, até mesmo de mamíferos e répteis primitivos. Há cerca de 34 milhões de anos, durante a transição Eoceno-Oligoceno, os níveis de CO₂ despencaram e as temperaturas globais caíram. Isso desencadeou uma glaciação generalizada e a formação da enorme camada de gelo da Antártida Oriental (EAIS), que desde então fixou esse terreno antigo no lugar como uma cápsula do tempo.
O que torna essa descoberta tão importante?
A paisagem é geologicamente preservada – suas características permanecem nitidamente definidas, inalteradas pelo movimento do gelo por dezenas de milhões de anos. Isso sugere que o gelo de base fria (gelo congelado junto ao solo) cobriu essa região por milênios, prevenindo a erosão e preservando a terra abaixo.
O trabalho da equipe vai além do simples mapeamento de rios antigos. Ao estudar como as geleiras evoluíram e se expandiram sobre esse terreno, os cientistas estão aprendendo como o gelo da Antártida respondeu às mudanças climáticas do passado – e, principalmente, como ele pode se comportar à medida que o planeta aquece hoje.
Essa descoberta é um exemplo impressionante de como a tecnologia – de satélites a radares aéreos – está ajudando os cientistas a perscrutar através do gelo e do tempo profundo para reconstruir a história oculta da Terra. E, ao fazer isso, eles nos dão novas ferramentas para enfrentar o futuro.
Leia o estudo: https://lnkd.in/d9V57VRy
fonte: Fernando Braz
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