Domingo de Ramos: Uma Jornada de Humildade e Libertação
O Domingo de Ramos, celebrado por cristãos em todo o mundo, comemora a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, um momento imerso em uma celebração paradoxal, marcada pelo sacrifício iminente. Embora ele montasse um modesto jumento, e não uma carruagem de conquistas, multidões agitavam ramos de palmeira, gritando "Hosana", saudando-o como rei. Começando hoje a Semana Santa, este dia apresenta profundas lições de humildade e emancipação que combinam espiritualidade indiana, teologia cristã e ideias contemporâneas que ressoam em todas as religiões. Na tradição cristã, o Domingo de Ramos (Marcos 11:1-10) captura a decisão consciente de Jesus em direção à humildade. Ao contrário dos líderes mundanos, Jesus chega a Jerusalém montado em um jumento, representando, portanto, a paz em vez da força. Isso reflete a percepção espiritual indiana, especialmente a lição do Bhagavad Gita (cap. 3:27), em que Krishna exorta Arjuna a se comportar sem ego. Krishna aconselha a humildade como independência das distorções do eu. A chegada de Jesus nos obriga a refletir: em uma sociedade preocupada com status, seja o poder nas mídias sociais ou as hierarquias corporativas, podemos escolher a simplicidade em vez do orgulho? No hinduísmo, as folhas de palmeira, particularmente da palmeira-do-coco, são reverenciadas como emblemas da vida e da fertilidade. Sua extensão em forma de leque reflete a abundância da criação, vista em rituais por toda a Índia. Durante festivais como Pongal, em Tamil Nadu, ou Onam, em Kerala, as folhas de palmeira adornam casas e templos, sinalizando começos auspiciosos e gratidão pela generosidade da natureza. Isso se assemelha às palmas do Domingo de Ramos, agitadas em homenagem a Jesus como portador da renovação espiritual. Ambas as tradições usam as palmas para celebrar a promessa da vida, mas no Domingo de Ramos, elas também sugerem sacrifício, lembrando-nos, como sugere o Mundaka Upanishad (3.2.3), que a verdadeira abundância está além do efêmero.
No Domingo de Ramos, no entanto, essas palmas refletem a sabedoria dos Upanishads de que a verdadeira emancipação vai além de vitórias momentâneas, ou seja, da paixão de Jesus. Embora o Domingo de Ramos nos convide a buscar um propósito permanente, em consonância com a ideia de Brahman do Advaita Vedanta, a verdade eterna que conecta tudo, o mundo acelerado de hoje nos tenta com vitórias curtas, como promoções e tendências. A teologia cristã indiana vê Jesus como um guru universal, refletindo a verdade, a consciência e a bem-aventurança de Sat-Chit-Ananda. Refletindo a unidade da não dualidade, sua chegada conecta o céu e a humanidade, governante e servo. No mundo, onde raças, castas, línguas e fé às vezes se separam, a emancipação do Domingo de Ramos nos convida a reconhecer Cristo em cada indivíduo, enquanto Ramakrishna acolheu todos os caminhos como divinos. Isso fala de moksha, libertação da ilusão, expiação cristã e liberdade sem pecado. Seja por ego, intolerância ou desespero, ambos nos incitam a criar sociedades inclusivas, apontando para a quebra de grilhões. Psicologicamente, o Domingo de Ramos enfatiza a complexidade humana. O "Hosana" das massas logo se transforma em "Crucifica-o", uma mudança semelhante à dissonância cognitiva, na qual ideias opostas nos perturbam. Estudos de Leon Festinger revelam que os humanos normalmente escapam desse desconforto apegando-se a histórias familiares. Bombardeados pelo conhecimento e pela divisão, nós, no mundo moderno, precisamos equilibrar a tradição com a modernidade e a unidade com o conflito. O Domingo de Ramos nos pede para enfrentar os problemas e escolher a autenticidade em vez do conformismo. O Domingo de Ramos é, espiritualmente, um chamado à comunidade e à metamorfose. Embora erráticas, as multidões simbolizam nossa necessidade comum de otimismo, assim como o sangat do Sikhismo, no qual a fé coletiva aguça a vontade. Ainda assim, sua traição alerta contra a submissão irrefletida. Segurando as palmas, somos convidados a nos revigorar em vez de apenas celebrar. O caminho de humildade e emancipação do Domingo de Ramos parece mais necessário no presente. Hoje temos fome espiritual, divisões sociais e problemas ambientais. Jesus é o caminho que serve aos desprivilegiados, aceitando a verdade. Libertação é libertar-se da separação, da indiferença e do egoísmo para que todas as pessoas possam prosperar em nosso planeta. Neste Domingo de Ramos, desejo que os corações se abram com humildade e coragem, abraçando a unidade e a compaixão apesar de todas as divisões, para que possamos caminhar juntos em direção a um mundo de paz e libertação.
~Pe. Dorathick OSB Cam Dorathick Vj
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