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domingo, 26 de julho de 2020

Amigos...


Benditos os que chegam à nossa vida 
em silêncio, 
com passos leves 
para não acordar as nossas dores, 
não despertar os nossos fantasmas, 
não ressuscitar os nossos medos.

Benditos os que se aproximam de nós 
com leveza, 
com gentileza, 
falando o idioma da paz 
para não assustar a nossa alma.

Benditos os que tocam o nosso coração 
com afeto, 
nos olham com respeito 
e nos aceitam inteiros 
com todos os erros e imperfeições.

Benditos os que podendo ser qualquer coisa 
em nossa vida, 
escolhem ser doação.

Benditos esses seres iluminados 
que aparecem como anjos, 
que dão asas aos nossos sonhos e, 
tendo a liberdade de partir, 
escolhem ficar e ser ninho.

A maioria das vezes 
chamamos essas pessoas de AMIGOS!

Edna Frigato

fontes:
mural Pe Nuno Westwood
Pensador
🙏

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Meditacão

Precisei de chegar aos 52 anos de idade para passear o cão. 


As férias das minhas filhas assim o determinaram. A alegria do Leo quando me aproximo para lhe por a coleira é do outro mundo. Ela salta e vibra como se fosse o maior dos presentes. É deslumbrante.


Vamos passear ou não?
Para que consiga apertar a coleira sem o magoar, puxando alguma da sua longa cabeleira, é importante que ele esteja sossegado. Sentado e muito compenetrado espera que o processo esteja concluído com uma fascinante paciência.
Põe lá a coleira!

Assim que abro a porta de casa, parte a correr para o elevador. E quando o elevador chega ao R/C parte a correr para a porta do prédio. A saída para o exterior é como que um renascimento e o lado para onde decide sair, em cada dia, é sempre uma nova vida: um renascer de descoberta e encantamento. Passo a passo seguimos felizes, iniciando uma pacífica meditação a dois.


Onde é que este caminho irá dar?
Vou sempre para onde ele me leva e apenas condiciono o seu andar quando se tenta meter debaixo dos carros, dentro de prédios, moradias ou qualquer área perigosa e por isso não recomendada. Com os seus passeios palmilhei percursos que ainda não tinha percorrido em 3 anos e tudo num raio inferior a 500 metros da minha casa. Enquanto passeamos, fazemos muitos contactos, sobretudo com pessoas fascinadas pela simpatia e encanto do Leo. Ele aproxima-se de quase todas as pessoas que generosamente retribuem com afecto e carinho.
Eu testemunho o relacionamento e usufruo também da experiência, partilhando um sorriso ou palavras de esclarecimento relativamente ao seu sexo, raça ou idade. São momentos em que eu e o Leo estamos muito ligados. Nos caminhos que percorremos, o Leo tem uma atitude incrível de explorador, usando o seu olfato e enfiando o seu nariz em tudo o que encontra. Quando não se perde com o olfato, cheirando tudo o que encontra no chão ( muitas vezes me questiono porque fica tanto tempo com a cabeça virada para baixo, chegando mesmo a parar por longos minutos ), caminha sempre com andar determinado, olhando para todo o lado como que procurando novidades, algo ou alguém que o fascine.



O seu passatempo preferido é deixar as suas marcas nos locais mais inesperados. As suas marcas mais sólidas sou obrigado a recolher, fazendo-me acompanhar de um pequeno saquinho mas as outras, que se encontram num estado mais liquido, não me atrevo a remover, dando-lhe assim a alegria de deixar a sua presença bem dispersa por todo o percurso.



O tempo voa enquanto passeamos e diria que são minutos de uma meditação fantástica. Para mim meditação e para ele meditacão, como muito bem sugeriu um amigo quando lhe contei que iria escrever sobre esta experiência. Não sabemos exactamente o que eles pensam mas temos muito a aprender com estes nossos amigos. A alegria da descoberta e a felicidade num passeio.


O que é isto aqui?
O único dia em que o Leo fez as suas necessidades em minha casa foi assim que lá chegou. Como o levei logo a passear, nunca mais me deixou uma prenda no chão da casa e levou a sua preocupação tão a sério que até me parecia que ele só comia e bebia quando regressava dos passeios. Achei tão bonito este facto que me senti sempre na obrigação de o levar a passear sempre que possível.


Já estava mesmo cheio de fome...
Eu aprendi muito e sei que todos os aqueles com quem me cruzei, que tal como eu passeiam os seus pequenos amigos, também recebem muito nestes passeios.
Damos-lhes uma grande alegria mas recebemos muito mais em troca.
Que rica meditacão.

Manuel Filipe Santos.
Oeiras,
27 de Julho de 2018