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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Não me largues nunca, Senhor

«Deus valoriza,
aperfeiçoa e eleva quanto de verdadeiro,
de bom e de belo existe no homem»
SS Bento XVI


«A Fé leva à descoberta de que o encontro com Deus valoriza,
aperfeiçoa e eleva quanto de verdadeiro, de bom e de belo existe no homem»

Assim nos ensina o Papa Bento XVI, relembrando aquelas verdades sabidas,
mas tantas vezes por mim esquecidas.

Esta certeza alegra-me o coração porque renova a minha consciência
de quanto Deus me ama, de quanto Deus me quer,
usando esta pedagogia positiva de me atrair a Si
a partir do bem que existe no meu coração.

É bom saber-me amado assim,
por um Deus que não desiste nunca de mim.

Este modo de amar, tão próprio de Deus,
é ao mesmo tempo exigente, porque reclama a minha liberdade
e “leva-me mais longe…” no caminho da perfeição.

Quanto mais d’Ele me aproximo,
maior é o desejo de “acertar o passo”,
fazendo minha a Sua vontade.

Eu sei que não é fácil, às vezes é mesmo duro…
mas é possível porque Ele próprio Se torna companhia
de todas as horas, de todas as decisões,
tornando mais humana e verdadeira a minha vida.

Não me largues nunca, Senhor,
é o que hoje te peço, uma vez mais.

Rui Corrêa d’Oliveira

fonte: Oração da Manhã (RR)

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Os Anjos

De todas as criaturas de Deus,
serão talvez os Anjos aquelas em que menos penso.
A Igreja ao fazer memória dos três Arcanjos
S. Miguel, S. Gabriel e S. Rafael,
lembra-me a sua existência e a sua missão.

Apesar de serem inúmeras as referências
que deles encontro nos Evangelhos
e de rezar todos os dias ao meu Anjo da Guarda
reconheço que não lhes tenho dado a importância devida

Sendo puros espíritos, têm inteligência e vontade,
e, portanto, liberdade.
Vivendo em permanente contemplação de Deus,
foram Seus mensageiros junto dos homens,
participando activamente na história da Salvação.

Como não hei-de estar grato a S. Miguel que derrotou Lucífer?
A S. Rafael que leva até Deus as orações dos justos?
A S. Gabriel que trouxe o anúncio feito a Maria?

Como posso esquecer o Anjo de Portugal
que veio à Cova da Iria preparar os Pastorinhos para a missão
que lhes estava destinada e que viria a mudar
a história dos homens do meu tempo?

Os Anjos vêem já o que eu um dia espero ver
e gozam já da plenitude a que sou chamado
desde o dia em que por Deus fui pensado e desejado.

É pois tempo de lhes pedir que por mim intercedam
para que a minha inteligência acolha a sabedoria do Céu,
a minha vontade me conduza para o bem
e a minha liberdade se realize plenamente na adesão à verdade
que a Igreja maternalmente me revela.

Rui Corrêa d’Oliveira
fonte: Oração da Manhã (RR)
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quinta-feira, 19 de abril de 2012

Angel (Sarah Mclachlan)


Pára, Escuta e Olha - 19 de Abril
Dormimos a correr, levantamo-nos a correr; comemos a correr, trabalhamos a correr, cuidamos dos outros a correr; cuidamos de nós a correr, amamos a correr…, a vida tornou-se uma correria.
Corremos e não sabemos sequer porquê.
Corremos sem sequer percebermos de onde partimos, onde queremos chegar, porque caminho lá chegar e o que fazer durante o caminho.
Corremos, correndo a vida de um dia – maratona de 24 horas. Ficamos esfalfados, exaustos, desidratados e, pior que tudo, no fim da corrida diária, sentimo-nos frustrados: afinal, parece que não saímos do lugar; tudo ficou na mesma. Um dia atrás do outro; noite após noite, corrida após corrida, tudo permanece igual; nada muda.
O estilo de vida que temos, hoje, é fruto das opções que os grandes decisores políticos, culturais, religiosos e cada cidadão e cidadã do mundo foram tomando.
É este o estilo de vida que desejamos para a humanidade? É este estilo de vida que corresponde ao nosso ideal de realização pessoal e comunitária? É este estilo de vida que favorece o desenvolvimento harmonioso dos nossos sobrinhos, dos nossos filhos e dos nossos netos?
É tempo de parar, escutar e olhar de frente a triste imagem de nós próprios. A vida não é um destino, é uma construção. Neste dia que começa proponho-vos um primeiro passo: parar, escutar e olhar para nós, para a nossa vida e para os que passam por nós.
Isabel Varanda (Oração da Manhã - RR)

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Uma caixa talvez, um tempo no horário

Começamos hoje, Quarta-Feira de Cinzas, a Quaresma de 2012.
Diante de nós, um tempo único.
Dias de oração,
dias de jejum,
dias de esmola.
Há alguns anos, num tempo também de crise, na nossa paróquia, foi-nos proposto um gesto muito concreto - nas sextas-feiras da Quaresma comeríamos só sopa.
Aderimos com entusiasmo, o meu marido e eu. Aos filhos contámos sem qualquer imposição. Mas aderiram também.
Pusemos uma caixa na sala e nela cada um ía colocando a sua renúncia.
Gestos simples. Uma caixa. Uma palavra.
Senhor, que neste dia inicial, o nosso jejum se transforme na partilha concreta que ensinaste.
Que os nossos passos se dirijam ao canto recolhido da Tua Palavra,
num tempo talvez marcado num horário.
Que a oração tudo perfume e tudo envolva.

Que esta Quarta-feira de Cinzas

seja, Senhor, Quarta-feira de Cinzas para toda a nossa vida.

Maria Teresa Frazão

fonte: Oração da Manhã (Rádio Renascença)

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Este não é o meu céu! (RR)

Durante as últimas 3 semanas vivi numa terra do extremo oriente. Uma terra sem céu, o dia sem sol, a noite sem estrelas. Dizia-me um amigo de lá que ainda se recorda de como era o céu com estrelas. “Quando era adolescente o céu estava azul e de noite ficava estrelado”, dizia com saudade na voz.
Em poucos anos, uma densa bruma de poluição pintou o céu de cinzento e o ar poluído irrita os olhos e a garganta.
Não é bom viver assim.
Um meu colega de trabalho dizia, vezes sem conta: “este não é o meu céu!”. E eu dizia: “Tem razão. Também não é o meu!”
Mal cheguei à minha terra subi a um lugar alto da serra da Cabreira para encher os olhos com o céu azul, para respirar o ar frio e puro, para sentir o vento gélido que faz doer o nariz e para deixar que o olhar se perdesse pelo horizonte fora. O silêncio no cimo da serra encheu-me de paz.
Senti-me tão grata à natureza por ser tão generosa! Senti-me privilegiada por este céu na terra: o meu céu, mas que não me pertence; não é minha propriedade; é, sim, minha responsabilidade. Para que o céu nunca deixe de ser céu. Para que as estrelas continuem a brilhar e a natureza não fique doente, por tanta negligência e tantos maus-tratos e nós pereçamos de tristeza.

Isabel Varanda

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Palavras (Pe António Rego)

Palavras
31 de janeiro

Estar diante de ti em silêncio

dizendo-Te, sem palavras,
muito mais do que as palavras dizem.
É bom ouvir a ressonância da Tua Palavra
e deixá-la germinar na planície do teu e nosso silêncio.
Não faças caso das nossas palavras.
Anota apenas delas o eco do nosso coração.
Andamos, sem saber porquê, inquietos ou eufóricos,
ternos ou violentos, perdidos ou no limiar da verdade.
Complexa é a nossa vida e, todavia, recheada de dons.
Permite que não desperdicemos nem as palavras nem os silêncios.
Mas que o nosso olhar nunca se desvie do Teu olhar,
os nossos caminhos dos Teus caminhos,
como o peregrino, ligeiro no andar, na mira da Montanha Santa.

Pe. António Rego

Fonte: Oração da Manhã (Rádio Renascença)

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Maria Imaculada dá à luz a Luz (RR)

Deus ama tanto o mundo e as suas criaturas que deseja ser humano, gerado como todos os humanos, no ventre de uma mulher. Desde toda a eternidade, Deus sonha a incarnação da sua Palavra e envia-a ao mundo, para que a Palavra nasça no mundo. A Palavra é o Filho, o ungido, o enviado do céu e humanado na terra.
Uma jovem mulher de Nazaré da Galileia, entrega a sua vida a Deus, em total disponibilidade, em total confiança, para que, através dela, o Filho de Deus possa nascer no mundo. Maria oferece a Deus a sua carne e o seu sangue, a sua humanidade, para que o Filho de Deus cresça no mundo e o mundo cresça com ele.
Maria torna-se a mãe de Deus; excelsa Mãe de Deus; toda pura, toda santa, toda bela, imaculada Senhora, cheia de graça.
Em Maria não há lugar para o pecado porque todos os lugares em si são agraciados por Deus. Ela oferece a Deus todos os lugares em si, sem qualquer reserva, para que a Palavra de Deus encontre em si uma morada de mãe. E a mãe dá à luz o Filho; dá á luz a Luz para que o mundo não mais se perca do caminho para o Alto.
- “Ó Maria concebida sem pecado. Rogai por nós que recorremos a vós”.
Isabel Varanda
Oração da Manhã - Rádio Renascença

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Primeira Semana do Advento


Senhor, eis-nos de novo a reviver o tempo de Advento; o tempo lindo e misterioso da espera de um Deus que acreditamos estar já na história da humanidade, mas ainda tão ausente do coração de tantos homens e mulheres.
Senhor, eis-nos de novo perante a certeza de um Deus que se humaniza e vem bater à porta de cada ser humano para o chamar à concórdia e à paz, à construção de caminhos de gratuidade e de partilha; às verdadeiras alegrias dos dons.
Vem Senhor, Jesus! Vem ao coração de cada um de nós, que todos os dias nos levantamos para um novo dia, como quem se dispõe a uma viagem de rotinas mas também de inesperados. Que esta tua vinda nos ajude a reparar no segredo e na alegria da espera, e que seja ela a abrir-nos os olhos para uma existência que pode ser sempre nova.

Ir. Luísa Maria Almendra
fonte: Oração da Manhã (RR)

sábado, 12 de novembro de 2011

Há dias cheios de noite (RR)

Hoje poderia ser um dia sem noite.
Dia para não passar à frente do outro.
Dia para dar espaço ao que se sente desconfortável.
Dia para não se armar “em chico esperto”.
Dia para não atirar a “beata” do cigarro para o chão
   e de não cuspir nos passeios.

Dia para não atirar a prata do chocolate,
   ou o recibo do supermercado para o chão
   ou pela janela do carro.

Dia para não sacudirmos os tapetes
   nas varandas dos vizinhos,
   não batermos a porta com força a altas horas
   ou abrirmos em toda a potência
   os amplificadores de som.

Dia para pegar no carro calmamente,
   sinalizar devidamente as nossas manobras
   e saudar os que cruzamos na estrada.

Dia para pensarmos que não somos donos de nada;
   que temos ao nosso dispor bens para usar
   e que não há bem privado
   que não comporte uma exigência pública e solidária.

Dia para perceber que não somos melhores
   do que ninguém,
   nem pelo que temos, nem pelo que parecemos.

Dia para arrumar de vez com a fantasia
   de que temos poder sobre os outros
   e que eles nos devem atenção, distinção, anuência.

Hoje poderia ser um dia sem noite;
um dia verdadeiramente dia.

Um bom dia.

Isabel Varanda
Oração da Manhã - 10 de Novembro


quarta-feira, 25 de maio de 2011

Urgentes os sorrisos (RR)


São urgentes os sorrisos.
Corroem-nos dores, dúvidas e tantas incertezas.
São urgentes, Senhor, sorrisos ou palavras, que digam Alegria.
Por tudo isto quero nesta manhã louvar aquele senhor que numa bicicleta velha com um rádio ligado no volume mais alto, percorre firme e convicto as ruas do meu bairro e as vai enchendo de canções.
Oiço pequenos grupos às esquinas. Quem é este homem? Deve ter um problema qualquer. É LOUCO.
Bendigo, Senhor, esta loucura.
Tantas vezes os profetas foram chamados loucos.
Os poetas também.
E são deles os gestos essenciais.
Os nossos dias, agora tão cheios de sol, estão prisioneiros de medos e mais parecem noites de pesadelo.
Este senhor insiste e como por milagre enche as ruas de música e alegria. Finalmente sorrimos.
Louvados sejam, Senhor, todos quantos Te anunciam assim e dizem a Alegria contra todas as correntes.
Maria Teresa Frazão
fonte: Oração da Manhã (Rádio Renascença)

sexta-feira, 11 de março de 2011

O emaranhado interior (Oração da Manhã - RR)

O dia a dia, na voracidade dos compromissos, das exigências e obrigações, absorve-nos de tal modo na res publica, que acabamos por atrofiar o espaço interior, por falta de uso, diria.
Desabituamo-nos de caminhar por nós adentro; de repousar nos recantos mais serenos do mundo interior e de olhar de frente as montanhas e os precipícios, as tempestades e as bonanças, que tantas vezes nos fazem quase desfalecer.
Esta é a “condição humana”: frente e verso, direito e avesso. Este é o nosso modo de ser terreno: uma árvore, cujos ramos, pequenos e grandes, jovens ou idosos, se estendem pelo tempo e pelos espaços fora e cujas raízes se desenvolvem no interior de cada um; raízes que se aprofundam por nós adentro, que se emaranham, que dão consistência interior.
De mansinho entrámos num tempo especial para os cristãos, um tempo litúrgico sempre novo, sempre tempo para além do “comum”. Quarenta dias, não são pouca coisa. Quarenta dias e quarenta noites em que as noites e os dias nos convidam, na sua sucessão ininterrupta, a viajar por dentro, a procurar mais intensamente o íntimo e ousar olhar o emaranhado interior; ousar levar-lhe um pouquinho de luz.
Isabel Varanda
in Oração da Manhã (RR) 10 de Março