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domingo, 25 de setembro de 2011

antes de dizer adeus

“Há uma bela imagem no romance Vendredi ou les Limbes du Pacifique(1). Michel Tournier fala do crânio de um búfalo suspenso de uma árvore, que deixa passar uma música quando o vento passa através dele. Quem produz a música: o crânio, o vento, ou o encontro dos dois?
Acontece o mesmo com a criatividade: cada um de nós, no decurso da vida, das experiências, é como este crânio de búfalo através do qual sopra a vida, gerando uma melodia perfeitamente inédita. Que sentimento de júbilo ao perceber que não é necessário ser artista para viver a vida como um processo criativo!
O que aprendi de essencial nos últimos vinte anos da minha carreira científica, é também a maior descoberta da ecologia moderna: trata-se da ideia simples e fundamental de que a vida é a expressão das relações no seio de uma rede, e não uma série de objectivos pontuais perseguidos por individuos distintos. É tão verdade no que respeita a formigas, girafas, lobos como a seres humanos. Pela minha parte, foi através das minhas relações com todos os que se apaixonam por estas ideias de ecologia humana que tive a sorte de exprimir a minha criatividade e de contribuir para a comunidade. Obrigado a todos.”
(1)Sexta-feira ou Os Limbos do Pacífico, 1971. (N. da T.)

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Não acorde o câncer que dorme em você



David Servan-Schreiber nasceu em França em 1961. Concluiu o doutoramento em Ciências Neurocognitivas na Universidade Carnegie Mellon, sob orientação de Herbert Simon, pai da inteligência artificial e Nobel de Economia, e de James McClelland, pioneiro da teoria das redes neu-ronais. Médico e pesquisador na área das neurociências, foi professor de Psiquiatria na Faculdade de Medicina da Universidade de Pittsburgh, onde criou e dirigiu o Centro de Medicina Complementar. Foi também um dos fundadores da delegação dos Médicos sem Fronteiras nos Estados Unidos, ao serviço da qual trabalhou em vários cenários de guerra. Com 31 anos, foi-lhe diagnosticado um tumor no cérebro com o qual viveu 19 anos, desafiando todos os prognósticos médicos. Acabou, no entanto, por falecer em julho de 2011, em França. É autor de Curar e Anticancro, que venderam milhões de exemplares e estão traduzidos em quarenta línguas. O seu último livro publicado foi Antes de Dizer Adeus. Aos 50 anos, ao enfrentar um terceiro e inoperável tumor, percebeu que tinha chegado ao fim. Reuniu-se com a família, com os amigos. E começou a dizer-lhes adeus. Foi o primeiro adeus. Agora, o autor de Anticancro diz adeus, mas em livro, aos milhões de leitores que em todo o mundo aprenderam com ele, que seguindo os seus conselhos enfrentaram a doença - e que em tantos casos a venceram. Numa obra testamento, de um homem e de um médico que dialoga corajosamente com a morte, David não pede ajuda, não se queixa. Antes pelo contrário, consola-nos, reconforta-nos, ilumina-nos com o seu infinito optimismo, a sua infinita crença no poder e resistência do ser humano.
fonte: Wook