“Há uma bela imagem no romance Vendredi ou les Limbes du Pacifique(1). Michel Tournier fala do crânio de um búfalo suspenso de uma árvore, que deixa passar uma música quando o vento passa através dele. Quem produz a música: o crânio, o vento, ou o encontro dos dois?
Acontece o mesmo com a criatividade: cada um de nós, no decurso da vida, das experiências, é como este crânio de búfalo através do qual sopra a vida, gerando uma melodia perfeitamente inédita. Que sentimento de júbilo ao perceber que não é necessário ser artista para viver a vida como um processo criativo!
O que aprendi de essencial nos últimos vinte anos da minha carreira científica, é também a maior descoberta da ecologia moderna: trata-se da ideia simples e fundamental de que a vida é a expressão das relações no seio de uma rede, e não uma série de objectivos pontuais perseguidos por individuos distintos. É tão verdade no que respeita a formigas, girafas, lobos como a seres humanos. Pela minha parte, foi através das minhas relações com todos os que se apaixonam por estas ideias de ecologia humana que tive a sorte de exprimir a minha criatividade e de contribuir para a comunidade. Obrigado a todos.”
(1)Sexta-feira ou Os Limbos do Pacífico, 1971. (N. da T.)
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