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domingo, 12 de abril de 2020

A CRUZ. VAZIA

A CRUZ. VAZIA Crónicas | 08/04/2020 08:36 Tenho a cruz à porta. Vazia. O Cristo da minha cruz foi cuidar de quem cuida, vestiu a bata e anda nos hospitais do mundo inteiro a segurar a vida que tem andado suspensa nos beirais da História. O Cristo da minha cruz foi suster o ânimo dos que criam as vacinas, os medicamentos, um meio seguro de nos salvar a todos. O Cristo da minha cruz vai dentro das ambulâncias que correm pelas cidades desertas, em lutas contra o tempo e contra a morte e foi percorrer o mundo inteiro, evitando os desesperos de quem não sabe como vai ser a vida a seguir. O Cristo da minha cruz foi abraçar os braços vazios de abraços, foi dar a mão a quem morre sozinho, foi limpar as lágrimas dos que não podem dizer adeus a quem amam. E anda nas ruas vazias, a recolher o lixo, a desinfetar as praças, a limpar o medo e a acompanhar as solidões que espreitam as esquinas. A minha cruz está vazia. E eu sei (sabemos todos) que esta Semana Santa será Maior do que tantas Semanas Santas das nossa vidas: Cristo lavará os pés a todos os que, exaustos, não desistem de lutar pela vida e beijá-los-á, certamente, porque são esses os pés que, nos nossos dias, anunciam a esperança e fará com eles a Ceia da Quinta-Feira; estará à beira dos que sofrem e morrem, ajudando-os a percorrer o caminho que une o chão ao Infinito e consolando os que, à beira das cruzes que se erguem no mundo inteiro, têm o coração em frangalhos. O Cristo da minha cruz (vazia, minha cruz!) está vivo. É o rosto cansado dos que não veem os filhos há muitos dias, porque têm de os proteger. Está nas mãos dos que enfrentam o medo (todos têm medo) para ajudar quem precisa. Enxuga as lágrimas dos que estão sós. Está nos que têm de tomar decisões (difíceis, as decisões). Está nos que nos mantêm informados e nos dão esperança. O Cristo da minha cruz (vazia) semeou esperança no meio do povo. E não o deixa cair na tentação de desanimar, apesar de todos os cansaços, apesar de tudo. Tenho a cruz à porta. Vazia. O Cristo mudou-se para dentro de cada um.

🙏

domingo, 15 de março de 2020

Alexander Soljenítsin

Consagrei-me durante 50 anos ao estudo. 
Li centenas de livros, 
reuni muitos testemunhos pessoais, 
publiquei oito obras. 
Hoje, 
se tivesse de resumir o mais brevemente possível 
a verdadeira causa de nosso problema, 
só teria uma explicação: 
o homem esqueceu-se de Deus… 
E se me pedissem que dissesse claramente 
qual a maior ameaça, 
ainda assim não acharia outra coisa a dizer, 
senão que o homem se esqueceu de Deus”.

Alexander Soljenítsin 
Pronunciamento ao receber o Prêmio Nobel de Literatura em 1970

🙏 ( added @2020.11.27 )