Vinte e cinco de Março, dia da solenidade da Anunciação. De hoje a nove meses é dia de Natal. Maria de Nazaré neste dia recebeu a saudação e foi-lhe anunciado que conceberá e dará à luz um filho e lhe porá o nome de Jesus.
Neste contexto sobressai duas ideias que devemos ter em conta. Uma é que há um corpo que será formado como nós todos também recebemos essa dádiva de termos sido formados para termos um corpo. Outra ideia é que para esta maravilha não é necessário ter medo. Porque, se para nós há impossíveis, para Deus nada é impossível.
A questão do corpo aqui levantada sob o pretexto da anunciação, serve para lembrar-nos que há uma Teologia do Corpo que serviu de inspiração para algumas intervenções do Papa João Paulo II, cujo pensamento se centrava nesta ideia basilar, só o corpo, afirmava o Papa, "é capaz de tornar visível o que é invisível: o espiritual e o divino". O corpo, com séculos a ser desvalorizado, porque o consideravam instrumento de pecado, descobre-se afinal que ele tem valor espiritual e divino.
O nosso corpo e o corpo dos outros requerem todos os dias respeito e veneração. Porque o corpo humano, em todas as suas dimensões, foi criado para expressar o dom de si mesmo que é reflexo do amor verdadeiro que nasce dentro dele. E não há neste mundo maior riqueza do que esta.
A segunda ideia desta reflexão é o medo. Não faz sentido viver com medo. Porque ele bloqueia a criatividade e a ousadia das decisões, que devem ser sempre corajosas e o mais possivelmente acertadas. Por isso, se há medo, e por sua vez escravidão, requer mais entrega e procura da libertação. Ao medo responde-se com a coragem. No lugar do medo a liberdade de pensar, de se expressão e vontade firme para construir uma história que deixe a marca do bem e da felicidade por onde passa o nosso corpo.
(Picasso, como ele pinta o Corpo Humano)
fonte: mural Pe José Luís Rodrigues