"- No que respeita à minha prática espiritual, se deparar com obstáculos ou problemas, acho que é útil ter algum recuo e adoptar uma visão a longo prazo em vez de uma visão a curto prazo. Neste caso, acho que o facto de pensar num certo poema dá-me coragem e ajuda-me a manter a minha determinação. É assim:
Enquanto houver seres conscientes
Que eu viva
Para dissipar o sofrimento do mundo (*)
Mas, por exemplo, no caso da luta pela liberdade do Tibete, se eu utilizar este poema, e me preparar para esperar eras sem fim... enquanto durar o espaço, etc., acho que não é apropriado. Neste caso, temos de nos envolver imediata e mais activamente. Claro que nesta situação - a luta pela liberdade -, quando penso nos quatorze ou quinze anos de negociações inúteis, quando penso nos quinze anos de insucesso, sinto-me impaciente e frustrado. Porém esta frustração não me desencoraja ao ponto de eu perder a esperança.
Quis ir um pouco mais longe e perguntei:
- E o que é que o impede de perder a esperança?
- Mesmo no caso do Tibete, acho que o facto de olharmos para a situação com uma perspectiva mais vasta pode ajudar bastante. Por exemplo, quando encaro a situação no Tibete com uma perspectiva restrita, pensando apenas nessa situação, ela parece sem saída. Mas se a contemplar com uma perspectiva mais vasta, uma perspectiva mundial, vejo, por exemplo, que todos os sistemas comunistas e totalitários estão a cair, que até na China existe um movimento democrático e que o moral dos Tibetanos continua alto. Portanto, não perco a esperança."
fonte: Um guia para a VidaSua Santidade O Dalai Lama e Howard C. Cuttler
Editorial Presença (Pág. 174)
(*) Visite:
O Discurso do Prémio Nobel da Paz