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| por: Pedro Chagas Freitas (escritor) |
Queremos o melhor carro, a melhor casa, o melhor emprego. Queremos ser melhores do que o colega de trabalho, melhores do que o vizinho. Passamos a vida a olhar pelo retrovisor. Não vemos a mão trémula do velho que está no jardim, não ouvimos o grito calado nos olhos de quem nos pede ajuda. Temos medo de sentir, é isso. Pensamos que o fim do mundo é a lágrima que cai, quando o fim do mundo é a falta de motivos para a lágrima cair. A vida não é a realidade que vivemos, é a realidade que nos permitimos sentir. Quando alguém cai sem uma mão para o levantar, quando alguém sofre sem um ombro para pousar, somos todos os que estamos a cair, somos todos os que estamos a sofrer. Por omissão, por indiferença, por ausência. A felicidade está entre o tédio e a euforia, entre o impoluto e o caos. É urgente o sonho em vez da crítica, a asa aberta em vez do dedo apontado. É urgente olhar, tocar, ajudar, estar. Somos tão bonitos quando somos pessoas. Não somos sempre assim porquê?
(via PortugalNews)
