A saúde não é um privilégio, é um direito
Ainda o sol não nasceu e já há gente à porta do centro de saúde. Velhos que agarram a bengala e a paciência. Mães com crianças ao colo, embalando a febre e a esperança. Trabalhadores que, entre turnos e cansaços, tentam encaixar uma consulta.
Lá dentro, médicos exaustos, enfermeiros a dividir-se em mil, administrativos a gerir filas que crescem mais depressa do que as respostas. No outro lado da cidade, alguém faz um seguro de saúde porque desistiu de esperar.
E, no entanto, a Constituição diz: a saúde é um direito. O SNS é para todos, mas será que ainda chega para todos?
Na sala de espera, há quem conte as horas. No hospital, há profissionais que já perderam a conta aos turnos. E, ao lado, clínicas privadas que florescem com cada nova desistência.
Não podemos esquecer: a saúde não pode ser mercadoria. Não pode ser só para quem pode pagar. Não pode ser um número numa lista de espera infinita.
Porque a doença não espera. Porque a dignidade não pode ser um luxo. Porque um país que cuida é um país que não abandona.
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