Filipe Manuel Dias Neto
Muito se tem falado nos últimos dias em cortar ou aplicar taxas sobre as pensões de reforma. Não sei que mais possa dizer… já me cansa repetir as mesmas críticas ao Governo, mas estamos a ser governador por insanos e inconsequentes. Agora nem os reformados escapam à sanha de Vítor Gaspar?
Que há reformas exageradas é uma realidade que não se pode esquecer: não só há vários ex-deputados que ainda estão a receber subvenções vitalícias como ainda temos todos os ex-presidentes vivos a usar de uma série de regalias pagas pelos contribuintes. E se juntarmos a isto mais todos os casos que não temos conhecimento (porque não foram notícia) e aqueles outros de que ninguém se esquece (como aquela tão falada reforma gorda que Manuel Alegre recebe pelo seu “trabalho” na RDP) temos aqui uma série de casos que o comprova. Mas convenhamos… é esta a maioria dos pensionistas?
Claro que não! A maioria dos pensionistas recebe autênticas ninharias após décadas de trabalho e após ter descontado parte do seu salário mensal durante todos esses anos, na esperança de poderem usar dos ditos nos anos mais difíceis da sua vida (não tenhamos dúvidas, a velhice são os anos mais difíceis e que mais custam). Agora eu pergunto: admite-se, num país onde o salário mínimo quase chega aos quinhentos euros (falta o “quase”), que os pensionistas possam receber metade disso? Quem é que consegue viver assim? Será que Cavaco Silva, que tanto se queixa da sua reforma, já experimentou viver com trezentos euros mensais? Quem é ele para falar em limites de dignidade sendo ele um parasita indigno? Quem é Vítor Gaspar para vir, em nome dos estrangeiros, ameaçar com cortes as reformas dos pensionistas, sendo ele um mero tecnocrata imberbe cujas previsões se assemelham a uma mera lotaria?
Portugal está a raiar os limites da dignidade, e os seus governantes resolveram há muito raiar os limites do admissível. Por muito menos rolou a cabeça, inocente, de D. Carlos I e do filho mais velho (esse então tinha culpa de quê? De ter nascido?) Os cortes e taxas anunciadas sobre as pensões só serão admissíveis se forem feitos nas reformas mais gordas, nas subvenções vitalícias que ainda se pagam a deputados e ex-políticos e noutras que tais. E mesmo assim, tal não devia por si só significar poupança pois é dinheiro que não pertence ao Estado e não é uma poupança porque não é uma despesa do Estado! O dinheiro que os trabalhadores descontam não é uma fonte de receita, é um compromisso social. Os trabalhadores fazem esse desconto com a esperança de que o Estado lhes pague, com esse dinheiro, uma reforma digna e outro tipo de ajudas que a sua velhice ou eventuais doenças necessitem. Se vai começar a ser de outra forma digam já aos portugueses, assim eles pensam se vale mais a pena descontar ou guardarem esse dinheiro em contas PPR por forma a garantirem-se a si mesmos a digna reforma que o Estado não lhes garante mais.
Querem cortar às reformas mais gordas? Cortem. Cortem também nos casos de que falei mais acima, pois merecem ser cortados e até agora, com tantos cortes, ainda ninguém lhes tocou… mas aumentem as pensões dos reformados até ao equivalente ao salário mínimo nacional. Nenhum pensionista deveria ter direito a uma pensão inferior ao salário mínimo, pois se existe um salário mínimo é pela crença social de que é o mínimo com o qual todo o trabalhador deve viver. E se na velhice gastamos mais, com saúde e os gastos inerentes ao estado físico de qualquer idoso, então esse “limite de dignidade” deve ser igualmente válido para os reformados. Creio ser justo que assim se faça, para quem tantos anos trabalhou e tanto descontou. Se queremos um país mais próspero e mais justo, temos que ter senso de justiça.
fonte: facebook (Centro Monárquico do Porto)
Sem comentários:
Enviar um comentário