Quando a noite se mover na nossa direção
E o escuro tornar de repente mais frágil
a nossa esperança
Acende, Senhor, uma candeia,
por pequena que seja.
Quando a marcha do tempo
ressoar indiferente
E a dura realidade combater a largueza
que havíamos sonhado,
Aumenta, Senhor,
o tamanho do nosso coração.
Quando a aridez
tomar conta dos nossos campos
E constarmos que em nosso redor
domina o deserto,
Ensina-nos, Senhor,
a acreditar que a transformação
é uma promessa que se cumprirá.
Quando nos sentirmos como uma criança diante do universo fechado
E a vida nos parecer a ressaca em cuja fundura se apaga o nosso grito,
Avizinha-te, Senhor, o máximo que conseguires.
Quando as estações bruscas
instalarem a sua incerteza
E nos doer a confusa vertigem
dos mapas disponíveis,
Recorda-nos, Senhor,
que caminhas a nosso lado.
Quando o vazio
parecer ter ganho a aposta que fizemos
E na desolação
julgarmos que perdemos por completo
os Teus sinais,
Mostra, Senhor,
quantas palavras de verdade
continuas a escrever na neve.
~D. José Tolentino Mendonça
O poema “Quando a Noite” de D. José Tolentino Mendonça está incluído no livro “A Noite Abre Meus Olhos”, uma coletânea que reúne toda a poesia publicada pelo autor até à data. Esta obra foi lançada pela primeira vez em 2010 e tem sido atualizada em edições subsequentes para incluir novos trabalhos. A edição mais recente, revista e aumentada, inclui o livro “Introdução à Pintura Rupestre”.
fonte: ChatGPT
Sem comentários:
Enviar um comentário