sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

Quando a noite

 



Quando a noite se mover na nossa direção 

E o escuro tornar de repente mais frágil 

a nossa esperança

Acende, Senhor, uma candeia, 

por pequena que seja.


Quando a marcha do tempo 

ressoar indiferente 

E a dura realidade combater a largueza 

que havíamos sonhado,

Aumenta, Senhor, 

o tamanho do nosso coração.


Quando a aridez 

tomar conta dos nossos campos 

E constarmos que em nosso redor 

domina o deserto,

Ensina-nos, Senhor, 

a acreditar que a transformação 

é uma promessa que se cumprirá.


Quando nos sentirmos como uma criança diante do universo fechado

E a vida nos parecer a ressaca em cuja fundura se apaga o nosso grito,

Avizinha-te, Senhor, o máximo que conseguires.


Quando as estações bruscas 

instalarem a sua incerteza

E nos doer a confusa vertigem 

dos mapas disponíveis,

Recorda-nos, Senhor, 

que caminhas a nosso lado.


Quando o vazio 

parecer ter ganho a aposta que fizemos

E na desolação 

julgarmos que perdemos por completo 

os Teus sinais,

Mostra, Senhor, 

quantas palavras de verdade 

continuas a escrever na neve.


~D. José Tolentino Mendonça



O poema “Quando a Noite” de D. José Tolentino Mendonça está incluído no livro “A Noite Abre Meus Olhos”, uma coletânea que reúne toda a poesia publicada pelo autor até à data. Esta obra foi lançada pela primeira vez em 2010 e tem sido atualizada em edições subsequentes para incluir novos trabalhos. A edição mais recente, revista e aumentada, inclui o livro “Introdução à Pintura Rupestre”.  

fonte: ChatGPT

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